Um tal de coronel Barauna

Faleceu em nossa cidade, no dia 24 de Agosto, o coronel Benedicto José Barauna, oficial R/1 da Força Aérea Brasileira – FAB, e antigo integrante do Serviço de Intendência daquela força federal. Foi sepultado no dia 25 de agosto no Cemitério de São João Batista, significativamente, na Festa de São Luiz, Rei de França e Dia do Soldado. Este dado cronológico é prenhe de significado, porquanto o Coronel Barauna (e Barauna era o seu nome de guerra) foi um militar exemplar, um homem vocacionado como poucos para a carreira das armas, que seguiu com brilho, e um individuo que, por sua personalidade, bem se adaptava à vida castrense.

O coronel Barauna baixou à sepultura sendo a ele prestadas as honras militares às quais, por sua patente, tinha direito. Consigno aqui que ele foi, na prática, o responsável pela implantação, em Pirassununga, da AFA – Academia da Força Aérea, e que mereceu a confiança de renomados chefes da arma estratégica, entre os quais destaco o nome do Brigadeiro Faria Lima… serviu em diversas guarnições, inclusive nas de Porto Alegre, Curitiba e São Paulo. E era portador da medalha do Mérito Aeronáutico.

Isto é o que eu tinha a dizer de Benedicto José Barauna, do ponto de vista profissional. Mas agora eu passo a falar do meu muito querido primo “Dudu.” Primo sim, e duplamente!… porquanto o nosso parentesco existia por intermédio das famílias Vaz de Lima e Aguiar/Cabral de Vasconcellos. Com efeito, Dona Ana Ignez Vaz de Lima, lá em casa a “Donana”, genitora do “Dudu”, era filha do meu tio-bisavô Aquilino Vaz de Lima e da “Tia Angelina”, vale dizer, Angelina Aguiar Cabral de Vasconcellos, esta, prima da minha avó materna, Maria Francisca Cabral de Vasconcellos, a “Dona Mariquinhas.”

Posso dizer que foi o comum interesse pelas pesquisas genealógicas e pelas histórias familiares o que me ligou, inicialmente, a este primo bem mais velho do que eu… passávamos horas esquecidos de tudo a falar do “Tio Clemente” (Clemente Vaz de Lima”, do “Tio Januário” (Januário Garcia Leal, o “Sete Orelhas”), e do “Campo Triste” e dos seus primeiros povoadores, ao tempo em que na região se afazendou — no início do século XIX — o nosso antepassado, o Guarda-Mor José Antonio Dias de Oliveira.

Os assuntos de interesse comum foram a base para o desenvolvimento de uma sólida amizade, que perdurou enquanto viveu o “Dudu.” E fui descobrindo as suas muitas e grandes qualidades… era ele um homem bom, no mais exato sentido desta palavra. Além de dotado de um coração terno, era ele irrepreensivelmente honesto.

Ambas essas qualidades permitiram ao “Dudu” que fundasse uma família magnífica, ao lado da sua esposa Terezinha. Seus filhos José Paulo, José Nelson, José Clemente e Benedito, e suas filhas Ana Ignez, Cristina e Silvia, hauriram do pai os valores atemporais da probidade e do amor ao trabalho, bem como a crença na importância da Família como primeiro grupo natural, anterior e superior ao Estado.

Oficial de carreira da Força Aérea Brasileira, o meu primo jamais esqueceu as suas raízes agrárias. E, até o fim da sua profícua existência, manteve o “Sitio Estiva”, remanescente das terras que haviam pertencido ao seu avô Aquilino Vaz de Lima.

Como eu próprio, o “Dudu” era um católico romano, e um homem que acreditava na alma e na vida eterna. Destarte ele sabia que o fim da vida biológica é uma simples transição… nesta ordem de ideias, o toque de silêncio executado em seu funeral pelo corneteiro da Aeronáutica, foi logo seguido pelo toque de Alvorada, convocando o coronel Barauna para prestar serviços na Base Aérea do Céu, sob o comando do “Grande Brigadeiro”…

Acacio Vaz de Lima Filho dedica estes singelos comentários aos filhos e netos de Dudu Barauna

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