Um autógrafo diferenciado

 

Mauro Ramos de Oliveira, bicampeão mundial com a Seleção Brasileira (capitão em 62, na Copa do Chile) foi um dos mais técnicos e elegantes zagueiros de todos os tempos. Nasceu em Poços de Caldas e lá mesmo está sepultado, desde 18 de setembro de 2002, quando nos deixou aos 72 anos.

Por ter começado como profissional na Sociedade Esportiva Sanjoanense, deixou em São João fortes laços de amizade, como o casal Laércio (Lalo) e Beth Noronha, em cuja residência se hospedava vindo de São Paulo antes de seguir viagem e rever seus familiares em Minas. Aqui teve intensa vida social, em inúmeros eventos, como convidado de honra ao deixar o futebol.

Certa vez, após um almoço de aniversário da família Noronha, quando se programava para viajar a Poços percebeu estar portando apenas o talão de cheques, recurso financeiro não aceito em veículos de transporte coletivo. Mauro não gostava de dirigir.

Foi então que Celso, um dos irmãos de Lalo, cedeu a ele o recurso de que necessitava, em espécie, para completar o trajeto. Em contrapartida o capitão fez questão de preencher um cheque do valor, que o amigo, a princípio, relutou em receber, mas acabou por aceitar.

Meses depois, novamente na cidade, Mauro questiona Celso Noronha sobre o documento, que não houvera sido contabilizado. Este, irreverente como de costume, confidenciou: “Está comigo até hoje, não irei descontá-lo. Você concedeu milhares de autógrafos na carreira, mas numa folha de cheque imagino que não. Tenho em meu poder uma relíquia que faço questão de guardar como recordação para o resto da vida”, disse.

Sobre Mauro, após ser revelado pela SES em 1947, aos 17 anos, chegou ao São Paulo FC, onde, em 12 temporadas, conquistou os Paulistas de 48, 49, 53 e 57. Em 1961 assinou com o Santos, sendo penta brasileiro (61 a 65), tri do Rio-SP (62, 64, 66), bi da Libertadores e bi do Mundial de Clubes (62, 63). Com nosso selecionado esteve nas Copas de 50, 54, 58 e 62, nesta última ostentando a faixa de capitão e erguendo a taça do bicampeonato.

Com o falecimento de Celso Noronha, um de seus filhos – Celsinho, o Xexéu – me presenteou gentilmente com o `cheque autografado´, estando este guardado com muito carinho entre minhas recordações do esporte.

Leivinha Oliveira

[email protected]

COMPARTILHAR

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here