Fui ao cinema na última semana assistir ao tão falado “Bingo – O Rei das Manhãs”, cinebiografia de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo, programa matinal homônimo exibido pelo SBT (na época TVS) durante boa parte da minha infância. O filme chama-se Bingo devido aos direitos autoriais. Outros nomes também são trocados na trama, como por exemplo, a TV Globo, chama-se Mundial.
Na história, Vladimir Brichta vive Augusto, um ator de “pornochanchadas” que busca seu lugar sob os holofotes. Acaba, de maneira insólita, passando no teste para ser o palhaço e em pouco tempo começa a fazer um sucesso estrondoso, chegando a ocupar o primeiro lugar no ibope.
Por causa de uma clausula contratual ninguém pode saber quem é o ator por trás da pesada maquiagem. Augusto vive a glória e o anonimato.
O dinheiro, a fama e a frustração de continuar sendo um desconhecido, levaram o interprete a uma vida cercada de excessos, com muitas drogas (muitas mesmo), sexo e bebidas.
O conflito intenso vivido pelo personagem e sua relação com sua mãe e seu filho dão o tom da história. Aqueles que viveram nos anos 80 se sentirão nostálgicos com o clima colorido, “neon” e com as músicas do período, além de relembrar o nonsense da década, que permitia em um programa infantil, a presença da cantora Gretchen rebolando junto com o palhaço.
Isabela Boscov, critica de cinema da revista Veja, escreveu: “Às favas com a moderação. “Bingo – O Rei das Manhãs” é o filme mais excitante, exuberante, atrevido e original feito por um cineasta brasileiro desde que Cidade de Deus foi lançado, quinze anos atrás”.
Não acho nenhum exagero.
*Eduardo Vella é jornalista e escreve em O MUNICIPIO semanalmente