Por Bruno Manson
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Após uma minuciosa investigação, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São João da Boa Vista localizou e prendeu uma quadrilha especializada no chamado golpe do nudes. A prisão ocorreu na quinta-feira (4) no bairro Vila Nova, Zona Sul de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Coordenada pelo delegado Jorge Mazzi, a operação teve o apoio da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas e resultou na prisão de um homem de 22 anos e duas mulheres, de 25 e 40 anos, todos da mesma família. Uma outra pessoa suspeita de integrar a quadrilha está foragida.

De acordo com a Polícia Civil, o golpe consistia em um primeiro contato por uma rede social ou por aplicativos de mensagens, onde uma garota bonita instiga a vítima a trocar mensagens de cunho sexual e até mesmo fotos intimas. Após algum tempo, outra pessoa entrava em contato e se apresenta como pai da jovem, dizendo que ela é menor de idade e as mensagens e fotos trocadas caracterizariam o crime de pedofilia. A partir daí, o golpista exige depósitos em dinheiro, alegando que assim não levaria o caso ao conhecimento de um delegado.
VERSÕES DO GOLPE
Segundo informações da DIG, na maioria das vezes, após o recebimento dos valores, o criminoso continuava exigindo dinheiro, alegando que haveria a necessidade de submeter sua suposta filha a um tratamento psicológico.
Já em outros casos – como os analisados pela equipe de investigação sanjoanense –, a história era mais extrema e o estelionatário pedia o depósito para cobrir as despesas do enterro da suposta adolescente, a qual teria cometido suicídio após sofrer graves danos psicológicos devido a troca de mensagens e fotos íntimas. “É bastante comum também, nesses casos, a presença de uma quarta pessoa envolvida, que se apresenta como policial, muitas vezes com fotos e nomes reais retirados das redes sociais, dizendo que está sendo registrada uma ocorrência e que será expedido mandado de prisão contra a vítima, a deixando desesperada e fazendo com que deposite mais dinheiro aos golpistas”, relatou Mazzi.
VÍTIMA SANJOANENSE
A investigação da DIG teve início em fevereiro deste ano, após um metalúrgico sanjoanense registrar um boletim de ocorrência informando que perdeu o total de R$ 50 mil neste tipo de golpe. Parte do dinheiro dele era fruto de economias de 15 anos de trabalho e o restante proveniente de empréstimo contraído junto a uma Instituição financeira. O montante foi transferido para três contas bancárias.
Conforme apurado, o grupo criminoso criou o perfil falso de uma adolescente, pelo qual a vítima recebia conteúdo de teor sexual. Posteriormente, uma pessoa se apresentou como o suposto pai dela e passou a acusar o metalúrgico de pedofilia, exigindo valores para não denunciar o caso às autoridades. A narrativa incluía ainda um suposto tratamento hospitalar da personagem e seu enterro fictício, cujas despesas fictícias seriam custeadas pelo sanjoanense.
PRISÃO
Após uma minuciosa investigação, a Polícia Civil conseguiu identificar a quadrilha de golpistas e deflagrou uma operação para prendê-los. Foram cumpridos 11 cautelares, resultando na prisão de três envolvidos, chips, telefones celulares e cartões bancários. Durante a ação, uma das mulheres presas responderá pelos crimes de extorsão e associação criminosa, pois durante as buscas foi possível estabelecer seu vínculo com os investigados e individualizar sua atuação.
Mazzi ressalta a importância dessas ações de combate aos crimes virtuais e destaca o trabalho investigativo da Polícia Civil. “Embora os criminosos tentem se valer do anonimato e praticar o crime contra vítimas de outros Estados, a fim de dificultar a persecução penal, com uma investigação qualificada é possível chegar na autoria desses crimes, colocando atrás das grades esses delinquentes”, frisou o delegado.