Bolsonaristas promovem bloqueio ilegal na SP-344

Por Bruno Manson
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Durante esta semana, o Brasil foi marcado por diversas manifestações antidemocráticas organizadas por bolsonaristas. Inconformados com a derrota do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições, grupos de extrema direita organizaram bloqueios em diversas rodovias, reivindicando e aguardando uma fantasiosa intervenção militar. Com ideias sustentadas por fake news — que iam desde improváveis fraudes nas urnas eletrônicas a até conspirações para implantar o comunismo ou o socialismo no País —, os manifestantes fecharam várias estradas, causando transtornos e prejuízos a diversos setores.

Dia de Finados: manifestantes reuniram-se para ato antidemocrático em frente ao Tiro de Guerra (Reprodução/Notícias Policiais)

Em São João da Boa Vista (SP), bolsonaristas interditaram um trecho da rodovia SP-344, na altura do km 223, na tarde da segunda-feira (31). Os dois sentidos da pista foram bloqueados, sendo liberada apenas a passagem de veículos leves pelo acostamento, enquanto que os caminhões eram impedidos. Diante disso, a Renovias — concessionária que administra o trecho — e a Polícia Militar Rodoviária implantaram uma contingência no km 224, orientando o desvio do tráfego para o retorno até o km 226, evitando assim que os motoristas que estavam em viagem ficassem parados no congestionamento.

Já na manhã de quarta-feira (2), em pleno Dia de Finados, os bolsonaristas realizaram um ato em frente ao Tiro de Guerra, no bairro do Rosário. Com bandeiras e trajando roupas verde-amarelo, os manifestantes questionavam o resultado legítimo das urnas e pediam intervenção militar. Logo em seguida, o grupo foi para o bloqueio na rodovia, dando continuidade aos protestos.

AS ‘72 HORAS’

A interrupção parcial da SP-344 seguiu até a noite quarta-feira (2), quando os bolsonaristas deixaram o local após aguardarem um fictício prazo de 72 horas que anteciparia uma fantasiosa ‘intervenção federal’ — outra informação falsa que circulou pelas redes sociais durante a semana. E, como toda a fake news, isso era tudo mentira.

Bloqueio ilegal: medo da implantação do comunismo e fake news pautaram manifestação na SP-344 (Reprodução/Sagui Florindo)

REFLEXOS

Em muitas cidades do Brasil, os bloqueios impactaram setores como o comércio e o agronegócio, por exemplo, além de causarem desabastecimentos e afetarem serviços essenciais nas áreas de saúde e ensino. Em meio a este cenário, São João da Boa Vista também sofreu poucos reflexos, uma vez que o ato antidemocrático foi perdendo força e as estradas foram liberadas com o passar dos dias.

FACULDADES

No início da semana, o Centro Universitário UniFEOB ofereceu aulas presenciais e no modelo síncrono — quando o aluno assiste o professor ao vivo —, contudo, a situação foi normalizada na quinta-feira (3). Por sua vez, o Centro Universitário UniFAE cancelou as aulas presenciais e remanejou os estudantes para o ensino remoto até esta sexta-feira (4).

Ambas as instituições de ensino adotaram estas estratégias como medida de segurança, vez que muitos alunos são de outas cidades e dependem do transporte de vans e ônibus.

SAÚDE

Durante o bloqueio, quatro pacientes de Mogi Mirim (SP) não conseguiram vir a São João da Boa Vista para realizar sessões de radioterapia. Conforme apurado, eles estão em estado grave e deveriam ter sido submetidos ao procedimento na terça-feira (1º).

CANCELADO

Alguns estabelecimentos sofreram com o atraso das transportadoras. Um festival de música e churrasco que estava agendado para o sábado (5), em uma casa de shows, precisou ser cancelado. Em nota, a organização explicou que os fornecedores não garantiram a entrega dos itens — carnes, bebidas, carvão, lenhas, estruturas e som — em tempo. Com isso, o evento foi adiado e uma nova data deverá ser anunciada pela organização.

TSE

Na quinta-feira (3), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, classificou os bloqueios como antidemocráticos e destacando que os responsáveis serão tratados como criminosos perante a lei. “Não há como se contestar um resultado democraticamente divulgado com movimentos ilícitos, com movimentos antidemocráticos, com movimentos criminosos que serão combatidos e os responsáveis apurados e responsabilizados sob a pena da lei. A democracia venceu novamente no Brasil”, declarou.

“Aqueles que criminosamente não estão aceitando e aqueles que criminosamente estão praticando atos antidemocráticos serão tratados como criminosos e as responsabilidades serão apuradas”, destacou.

Vereadora de Águas da Prata nega ter participado da organização de ato

Ao longo da semana, vazou nas redes sociais uma mensagem de áudio da vereadora de Águas da Prata (sp), Cristina Lerosa (Avante), relacionada ao bloqueio na SP-344. Na gravação, ela comenta sobre um ponto nas proximidades da empresa Soulfer, o qual mencionou ter uma logística melhor para o fornecimento de alimentos e banho aos caminhoneiros participantes da manifestação, solicitando, em seguida, para que a informação fosse compartilhada.

SP-344: trecho da rodovia foi parcialmente fechado pelos manifestantes (Reprodução/Notícias Policiais)

Como os atos são considerados ilegais pelo TSE, a edil foi alvo de contestações nas redes sociais. Em entrevista ao O MUNICIPIO, Lerosa comentou a respeito do caso e negou ter qualquer envolvimento com a organização do bloqueio. “O que circulou foi um áudio meu a um amigo da Fonte Platina, que queria se juntar aos manifestantes. Eu, como sou de direita e conheço absolutamente todo mundo de direita de São João da Boa Vista, sabia que já estava rolando uma manifestação no km 21, em frente à Soulfer. Foi só isso que eu disse! Eu não sou organizadora de nada! Não tenho poder para isso. Não tenho disposição para isso”, afirmou.

A vereadora declarou que tem sido alvo de perseguição política e destacou que não participou das manifestações, as quais considera ‘legítimas’. “As pessoas simplesmente se juntaram e quiseram manifestar, o que eu acho que é legítimo. Todo mundo manifesta como quer. O que não pode é fechar a estrada. Isso sou contra!”, frisou.

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