Por Pedro Souza
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À frente do Departamento de Assistência Social, Eliane Rossi avalia os desafios da área para atender aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade social em São João da Boa Vista.
Em entrevista ao jornal O MUNICIPIO, a diretora falou sobre o trabalho que está realizando, os principais desafios do setor e os projetos que pretende desenvolver, além de iniciativas de apoio a mulheres vítimas de violência e também do combate à discriminação.

ENTREVISTA
O MUNICIPIO: Na sua avaliação, quais os maiores desafios que o município enfrenta na área da assistência social atualmente?
ELIANE: Os desafios para a efetivação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) no município é fomentar a mudança do entendimento da política pública. Desmistificar a benesse e o assistencialismo, que traz em seu bojo, dar sem o desenvolvimento pessoal e social do indivíduo, garantindo assim os direitos sócio assistencias, buscando o acesso a bens, serviço e renda como medida de equivalência. Outro grande desafio é a intersetorialidade nas ações, para assim garantir o desenvolvimento do potencial humano.
O MUNICIPIO: Como pretende atuar em relação às pessoas em situação de rua?
ELIANE: Sabemos que a globalização acarretou o aumento da desigualdade sociais e econômicas, concentração de renda aumentou, o desemprego teve uma grande elevação, isso são traços de uma sociedade global. Precisamos entender este fenômeno para minimizar o processo de exclusão social. Sabemos que o que leva as pessoas para as ruas são: ausência de vínculos familiares, perda de algum ente querido, desemprego, violência, perda da autoestima, alcoolismo, uso de drogas e doença mental. Estamos capacitando profissionais para que possamos criar uma rede de proteção. Efetivar o trabalho de ressocialização do indivíduo que permanece nas ruas como único espaço de acolhimento, buscando a integração à rede Estadual – Política Nacional para População em Situação de Rua, através de novos programas e projetos. Queremos fechar um ciclo de atenção integral a estas pessoas que estão em situação de rua.
O MUNICIPIO: Quantas famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade são atendidas com cestas básicas atualmente?
ELIANE: Cestas básicas na política de Assistência Social é entendida como benefício eventual. É uma prestação temporária de alimentos para famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social. Nossa grande estudiosa do assunto, professora Aldaísa Sposati, fala que a cesta básica é o calmante que a sociedade busca para aliviar o sofrimento do cidadão. Aqui podemos observar que a entrega de alimentos, o que chamamos de provisão pontual, não resolve a problemática vivenciada pela família de exclusão social. Hoje estamos fazendo a entrega de forma monitorada para garantir a superação da situação de vulnerabilidade social do indivíduo, ou seja, a família passa por um processo de acompanhamento pelo Plano de Acompanhamento Familiar (PAF), que é um instrumental técnico de planejamento, execução e avaliação das ações desenvolvidas com as famílias.
O MUNICIPIO: Uma das propostas de governo da atual administração é a criação de uma casa de acolhimento para mulheres em situação de vulnerabilidade e vítimas de abuso ou violência doméstica. Como anda este projeto?
ELIANE: É o serviço que oferece acolhimento provisório para mulheres adultas, que tenham sofrido violência doméstica, sofrimento físico, sexual, psicológico ou moral, que precisam se afastar de casa por sofrerem ameaças e correrem risco de morte. Elas podem ser acolhidas juntamente com seus filhos.
Os moldes que estamos desenhando é com uma Organização da Sociedade Civil (OSC), que em conjunto com o Departamento de Assistência Social irá ofertar núcleo habitacional supervisionada, provisório, para estas mulheres que necessitam se ausentar das suas casas rapidamente. Lembrando que as mulheres ameaçadas e que correm risco de morte, seu acolhimento é articulado com municípios vizinhos para que seu paradeiro não seja conhecido.
O MUNICIPIO: Quais ações pretende realizar para combater a discriminação de gênero e raça no município?
ELIANE: O município criou recentemente a Assessoria de Desenvolvimento de Políticas Públicas das Grandes Minorias Sociais, um grande avanço municipal. Os Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) promove debates e diálogos sobre questões raciais e de gênero em seu cotidiano, estimula a empatia, o respeito mútuo e cria espaços seguros para que os indivíduos possam se expressar, sendo assim vamos continuar o que já vem sendo executado.