Comportamento dos alunos evolui sem celular nas classes

Por Pedro Souza
[email protected]

A proibição do uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos em escolas, sancionada pelo governo federal, trouxe mudanças significativas no ambiente escolar. A nova lei não se restringe apenas ao período das aulas, mas também ao recreio e intervalos. O objetivo principal é minimizar os impactos negativos das telas na saúde mental e no desempenho escolar dos estudantes.

Com o início do ano letivo, professores e coordenadores se depararam com o desafio de adaptar os alunos a essa nova realidade. De acordo com os educadores, a transição tem trazido resultados positivos.

Professores avaliam os primeiros reflexos positivos da proibição e percebem mais interação, foco e participação entre os estudantes (Matheus Lianda/Experimental Integrado)

ADAPTAÇÃO

Cassiana Parissenti, coordenadora do Ensino Médio do Experimental Integrado, conta que, inicialmente, havia receio de que a proibição causasse mais problemas disciplinares. No entanto, o resultado foi o oposto. “Nós pensamos que seria muito mais difícil, que teríamos muito mais problemas disciplinares por conta da proibição do uso de celulares. Mas, pelo contrário! Até tivemos algumas ocorrências de tentativas de uso inadequado, mas eles estão se adaptando muito bem, além do que esperávamos”, disse.

Ela destaca que a mudança trouxe benefícios inesperados para a dinâmica escolar. “Houve um aumento grande pela procura de jogos interativos durante os intervalos, formação de rodas de conversa e muito mais interações como era antigamente, até mesmo entre diferentes turmas”, contou.

Docente: Cassiana Parissenti é coordenadora do Ensino Médio do Experimental Integrado

No início, a resistência foi perceptível, mas, com o passar das semanas, a concentração e a participação dos estudantes melhoraram significativamente. Segundo Cassiana, muitos alunos passaram a utilizar o tempo livre para resolver exercícios extras das disciplinas.

A conscientização dos pais foi um fator essencial para o sucesso da medida. Desde o ano anterior, a escola se dedicou a preparar as famílias para a nova regra. “Nós trabalhamos fortemente a conscientização dos pais ao longo de todo o ano anterior, então eles estão dispostos a colaborar com a gente também. A escola viabiliza a possibilidade de comunicação entre pais e filhos prontamente, quando necessário, por meio da recepção e da orientação escolar”, relatou.

Uma estratégia adotada foi a implementação de caixas trancadas para armazenar os celulares durante o período letivo. Além disso, atividades como o ‘Dia Sem Celular’, promovido desde o ano passado, ajudaram a reforçar a importância do uso equilibrado da tecnologia.

FOCO E ENGAJAMENTO

Para o sanjoanense José Gabriel Marcondes, professor de Ciências e Biologia da Escola Estadual ‘José Theodoro de Moraes’, em Aguaí, a mudança já reflete na postura dos alunos. “No meu ponto de vista, a retirada dos celulares aumentou o foco nos estudos e o engajamento em sala de aula”, afirmou.

Educador: José Gabriel Marcondes é professor de Ciências e Biologia, e leciona na Rede Estadual de Ensino

Além da concentração em aula, ele percebe uma interação maior entre os estudantes durante os intervalos. “Os alunos estão interagindo mais com os colegas e optaram por jogos de tabuleiro, jogos recreativos e tênis de mesa”.

Marcondes acredita que essa nova dinâmica pode impactar positivamente o desempenho acadêmico dos alunos. No entanto, ele aguarda os resultados das primeiras provas para avaliar de forma mais concreta os efeitos da mudança. “Dentro de sala esperamos que o empenho seja maior. Estamos aguardando os resultados de provas futuras para concluir o nosso pensamento”, avaliou.

Com mais de 13 anos de experiência como professor, ele acredita que os estudantes têm muito a ganhar com essa medida. “Na minha opinião, os alunos têm tudo para crescer na parte educacional e pessoal, sendo que o uso do celular tirava o foco e a concentração”.

FUTURO

O impacto da proibição dos celulares nas escolas ainda está em fase de avaliação, mas os relatos iniciais indicam um cenário promissor. Com mais interação, menos distrações e maior engajamento em sala de aula, professores e coordenadores enxergam a medida como um avanço para a educação. Resta agora acompanhar os próximos meses para entender isso influenciará o desempenho escolar e o comportamento dos alunos a longo prazo.

COMPARTILHAR

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here