Por Ana Paula Fortes
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A deportação em massa, nos Estados Unidos, está sendo uma das principais notícias na imprensa nacional desde a posse do presidente Donald Trump, em 20 de janeiro. O endurecimento da política migratória foi um dos pontos mais destacados em sua campanha e também uma das primeiras ações como dirigente do país. A reportagem do O MUNICIPIO conversou com alguns sanjoanenses residentes naquele país e os relatos são unânimes: “por aqui nada mudou”.

A imigração sempre foi um tema central no EUA, que são uma nação construída por imigrantes. Com o retorno Trump à presidência, as leis, que já eram rígidas para entrada e permanência de estrangeiros ficaram mais duras, trazendo apreensão sobre deportações e possíveis mudanças nas políticas imigratórias.
Muitos americanos defendem a deportação de imigrantes ilegais por razões de segurança, economia e cumprimento da lei. Uma pesquisa do instituto Ipsos, em parceria com o jornal The New York Times, revelou que 55% dos americanos são favoráveis à deportação de todos os imigrantes ilegais. Parte da população teme que a imigração descontrolada sobrecarregue serviços públicos e afete o mercado de trabalho.
Ronni Isaias da Silva, de 57 anos, especialista em Tecnologia da Informação, afirmou que em cerca de quatro décadas residindo nos Estados Unidos nunca viu ou ouviu dizer de uma blitz aleatória nas ruas, comércio ou residências com a finalidade de flagrar imigrantes ilegais. “Existem muitos ambientes comuns com indocumentados, os quais seria fácil lotar ônibus e aviões numa única batida da polícia imigratória. E nunca aconteceu, nem está acontecendo”, disse.
Segundo ele, as deportações geralmente acontecem, quando imigrantes ilegais cometem crimes ou infrações e são pegos pela polícia. “Lembro de um caso de uma república de imigrantes que também era ponto de drogas. Após uma denúncia a polícia invadiu o local e todos foram deportados, mesmo os que não cometeram crime algum, e estavam apenas na hora e local errados, porém sem a documentação necessária”, explicou.
Já Marília Jacomini afirma que as deportações não ocorrem conforme o noticiado. “O que a gente escuta sobre as deportações, são detalhes que as pessoas não passam para a mídia. As pessoas aqui não são deportadas apenas por estarem ilegais, mas sim por fazerem coisas erradas, como dirigir embriagado, não obedecer às leis de trânsito e ainda estarem sem documentação”, contou.
DEPORTAÇÕES
“O governo que mais mandou gente embora foi o de Barack Obama”, afirmou o truck driver, Luis Albertin, 44 anos. Segundo ele, hoje as deportações de Trump viraram notícia, por ele ser um presidente muito polêmico. “Sempre teve deportação, o problema é que nunca foi tão anunciado como desta vez, talvez porque isso tenha sido assunto de campanha dele. Afinal, o Biden abriu as portas do país e na sua administração entrou muita droga, além de ladrões e assassinos. Então o que está acontecendo é a deportação de quem tem problema com a justiça e não os imigrantes ilegais”.
Embora Trump tenha um discurso rígido sobre imigração, os números mostram que ele deportou menos pessoas do que seus antecessores. No seu primeiro mandato (2017-2021) foram deportados 935.000 imigrantes, enquanto que Barack Obama deportou aproximadamente 3 milhões e George W. Bush, cerca de 2 milhões.
Luis, por conta de sua profissão, viaja muitos quilômetros diariamente e com isso tem acesso a pessoas de vários estados. “Não vi ninguém com medo dessa atitude do Trump. A rotina continua a mesma para todos. Eu acredito que apenas os imigrantes que cometem crimes é que devem ficar preocupados com essas deportações”, finalizou.
DICAS
Ronni deixa algumas dicas para os que se mudaram recentemente para os Estados Unidos, com ou sem documentação. “Respeite a ‘casa alheia’, siga as regras locais, viva o mais legalizado possível, ou seja, sem ‘gambiarras’ e pague imposto, nem que seja o mínimo, mas dê satisfação ao leão, mais cedo ou mais tarde vai precisar disto”, concluiu.
O índice de voos de deportação dos EUA registrado em janeiro é 14% menor do que os 127 voos de dezembro. O número também fica 12% abaixo da média do último semestre, que é de 124 voos por mês, e abaixo dos 130 voos registrados em janeiro de 2024.