Por Clovis Vieira
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Desde o dia 15 de setembro de 2023, a sede do Espaço Cultural ‘Luiz Gama’ está em reforma. O prazo para a entrega da obra pronta, anunciado no cartaz afixado na parede lateral do prédio, seria de oito meses de trabalho, terminando em 15 de maio deste ano. No entanto, as fotos feitas na terça-feira (17) mostram que o serviço ainda não acabou: a escadaria na entrada estava sendo cimentada, a rampa lateral não estava pronta, a parte do fundo, atrás do palco, também continuava em obras e o acabamento não foi iniciado.
A empresa vencedora da licitação para a realização do serviço foi a Flex Comércio e Representação Ltda. O investimento nessa reforma foi da ordem de R$ 293.075,67, sendo parte do recurso obtida junto ao deputado estadual Luís Fernando Teixeira Ferreira (PT), por solicitação de Marcos Paulo Pereira, conhecido como Marcão da Capoeira, quando presidente da associação que administra aquele espaço cultural.
A reportagem procurou informações junto ao Departamento Municipal de Gestão e Planejamento Urbano, responsável pela obra, questionando quais serviços foram ali realizados e se a Prefeitura teria planos de utilizar o local para alguma atividade. Até o fechamento desta edição as respostas não chegaram.
HISTÓRIA
O clube Luiz Gama foi a segunda instituição social e recreativa de São João da Boa Vista, surgindo inicialmente como entidade esportiva. O objetivo principal de sua criação foi reunir integrantes da raça negra residentes na cidade. Em 1941, inaugurou sede própria e instituiu a primeira diretoria.
Objeto de polêmicas durante o ano de 2009, a sede do Luiz Gama, localizada na rua General Osório, chegou a ser leiloada (por dívidas de impostos municipais) e vendida a empresário particular. Após apelo da comunidade junto ao Poder Público, o local foi desapropriado. A Prefeitura informou, na ocasião, que o prédio voltaria às mãos da comunidade negra por meio “de um convênio firmado entre ela e a Associação Amigos do Clube ‘Luiz Gama’, repassando a administração e a gestão daquele imóvel”. Ou seja, do mesmo modo que a Associação dos Amigos do Theatro (Amite) fez uso e administrou o Theatro Municipal.
Assim, por 30 anos a associação estaria autorizada a implementar ações culturais com cobrança de ingressos, instalação de uma livraria, de um café e comercialização de produtos com o nome da mesma, para a administração, manutenção e gerenciamento do imóvel. Anualmente, a instituição deveria elaborar prestação de contas à municipalidade. Para tanto, a Prefeitura exigiu que fosse criada uma associação nos moldes da Amite, com a participação das três entidades de representação da comunidade negra (Protea, Ayo e Clube Recreativo Luiz Gama) para administrar o prédio.