Morre, aos 70 anos, Luís Carlos Pistellli, músico e fisioterapeuta

Por Clovis Vieira
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Morreu, na manhã da segunda-feira (26), Luís Carlos Pistelli, fisioterapeuta formado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puccamp), em 1976. O currículo dele era extenso, o que inclui duas pós-graduações, participações em congressos, simpósios e cursos no Brasil e internacionais. Ao longo de sua carreira, proferiu inúmeros cursos e palestras. Tem publicações médicas em diversos estados brasileiros e em universidades francesas e norte-americanas (em inglês, sua segunda língua) entre muitas outras participações e graduações.

Músico: Pistelli sempre empunhava seu violão (Divulgação/Arquivo Pessoal)

No momento, enquanto se tratava de um câncer, preparava o lançamento físico do e-book ‘Enxergar as Crianças Cegas – Um Olhar Sobre o Desenvolvimento Neurológico, Psíquico e Social de Crianças com Deficiência Visual’, publicado antes no Museu La Maison Natale, Coupvray, França, 2022; e no Institute Valintin Hauy des Geunes Aveugles, Paris, França, 2022.

Sobre o conteúdo da obra, assim escreveu no prefácio Ana Cristina Salviato Silva: “Este livro é um farol. Uma luz para atravessar as névoas da ignorância, do preconceito, da exclusão, e tantas outras, que turvam a visão e não nos permitem enxergar as crianças cegas como deveriam ser vistas. Este livro é um grito pela vida. Um brado de quem, na vivência do escuro, viu como ser cego não é uma sentença de morte social”.

MÚSICA

No âmbito pessoal, arrebanhou uma legião de amigos e admiradores do seu talento musical e de sua perseverança diante os obstáculos que a vida impôs. Tornou-se ‘figura pública’ admirada por todos. Em setembro de 2023, recebeu da Câmara Municipal o título de ‘Cidadão Sanjoanense’, eu sessão muito concorrida. “Eu sou de São José do Rio Pardo, vim para São João em março de 1959, com a minha família: meus pais, Ettore e Zilda, e as minhas irmãs Eloisa e Lídia”, explicou o novo sanjoanense na ocasião.

Excelente músico autodidata, participou dos inúmeros festivais de MPB promovidos na cidade. Nunca se furtou a levar o violão, quando era convidado para reuniões sociais e de amigos, para oferecer a todos o seu ‘show particular’. Em nenhum momento sua deficiência visual se apresentou como problema de qualquer ordem: seguia sozinho, de ônibus, para a PUC em Campinas, onde estudou Fisioterapia. Quando esteve a passeio em New Orleans, na Louisiana (EUA), quis subir ao palco em um bar musical e acompanhou sob aplausos, no piano, músicos veteranos do jazz e do blues.

LEGADO

Muitos amigos e admiradores destacam a importância de sua passagem não apenas no campo artístico sanjoanense, mas também como Especialista em Música e Monitor Braille, no Departamento de Educação sanjoanense, quando conviveu com crianças e jovens deficientes visuais. Muitos estão considerando o livro, a ser lançado fisicamente em breve, como o seu legado de vida e de trabalho. Era caso com Maria Angélica Nogueira Vaz de Lima.

Recebeu em vida, e agora na sua despedida, inúmeras homenagens, tanto de autoridades, quanto de gente simples com um singelo ‘parabéns Pistelli’. Entre as muitas manifestações de carinho, o jornal destaca o pensamento do seu amigo de longa data, Zezinho Só: “E o Pisteli foi para a luz eterna, mergulhou na Vida que não se extingue e ascendeu ao local onde toda lágrima é enxugada e o Amor triunfa sempre. Está agora imerso na Vida definitiva de paz, serenidade, alegria e a nossa espera”.

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