Por Clovis Vieira
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Comemora-se em 1º de agosto do Dia do Cerealista, aquele que produz ou comercializa cereais. A palavra é originada de Ceres, deusa romana do grão. É através do trabalho diário desses profissionais que alimentos saudáveis e nutritivos chegam à mesa de milhares de pessoas no Brasil e no mundo. Afinal, a maior parte do que é consumido no Brasil e no mundo tem em sua composição a soja, o milho, o trigo ou algum outro cereal.

Até os anos 1970, São João da Boa Vista contava com mais de uma dezena de cerealistas, ou, melhor dizendo, máquinas de beneficiar arroz. A chegada da modernidade no maquinário de processamento dos grãos fez esse grupo desaparecer, restando, poucas empresas na cidade. “Naquele tempo, anos 1950/1960, nós beneficiávamos esse cereal. Ele chegava com casca e passava pela máquina de beneficiamento. O nome ‘cerealista’ é mais para compor uma razão social, eu acredito”, contou Ciro Édson Corso, 67, há 50 anos ligado a esta área.
MUITAS EMPRESAS
Puxando pela memória, o empresário consegue relacionar 12 empresas sanjoanenses que beneficiavam arroz: Cerealista Jovira, Corso e Cachola, José Cecílio, Anor e Luís Gruli, Carlos e Aílton Assalim, Santo Domenichelli, José Gruli, Renato Finazzi, Gottschalk (ele não se lembra do primeiro nome), Zeca Cassini, Lilo Cassini, José de Abreu e mais um, ainda ativa no bairro N. S. de Fátima. “No final dos anos 1950, essas máquinas também recebiam feijão para beneficiamento. A partir de 1960, é que somente o arroz passou a ser recebido”.
Uma busca na internet revelou mais algumas empresas aqui na cidade: Cerealista Santo Afonso, na Vila Loyola; Cerealista Vale Mantiqueira, na vila Santa Edwirges; Vazta Comércio de Cereais, no Jardim Capituva; e Cerealista Cibemar/Restaurante Caipira, na Vila Brasil que está indicada como fornecedor de máquinas agrícolas. A região no entorno do largo São Benedito reunia 5 empresas, as já citadas Cerealista Jovira, José Cecílio, Corso e Cachola, Anor e Luís Gruli e Carlos e Aílton Assalim. “Naquela época se plantava aqui na nossa região bastante arroz: São João, Vargem Grande do Sul, Mococa, Cajuru e Alpinópolis”.
REGIÃO SUL
Corso aponta que foi no início dos anos 1970 que teve início o funcionamento de máquinas que, além de beneficiar o arroz, já o embalavam em sacos de papel, passando depois a utilizar sacos plásticos. Ele avalia que o impacto causado no comércio pelo desaparecimento de tantas máquinas de beneficiamento tenha sido pequeno: “Alguns desses citados partiram para outros segmentos, como o meu tio Zico Corso, que foi para o ramo do agronegócio. Eu mesmo, sou a segunda geração que trabalha com isso, no Arroz Jovira, comercializando esse ceral”.
Vargem Grande do Sul, São Sebastião da Grama, São José do Rio Pardo, Porto Ferreira, Leme e Mogi Mirim são algumas das cidades da região que também contam com máquinas de beneficiar e comercializar arroz. “Hoje, no Brasil, a região sul é onde se planta mais arroz. Aquela região, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, agrega 90% da plantação”, e é responsável por cerca de dois terços da produção do país. Com relação à recente polêmica da compra de arroz importado, ele é categórico: “A sorte nossa, é que quando houve as inundações no Rio Grande do Sul, todo o produto já tinha sido colhido e está armazenado”, finalizou.