Por Bruno Manson
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O campus sanjoanense do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) anunciou o encerramento da greve dos servidores públicos. A unidade aderiu ao movimento grevista no dia 15 de abril e, até então, estava com as atividades paralisadas.

Em nota, a direção da instituição de ensino informou que, após assembleia realizada quarta-feira (19), os servidores presentes decidiram pelo término da paralisação. Conforme noticiado pela coordenação de base Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), as atividades administrativas, de ensino, pesquisa e extensão foram normalizadas na quinta-feira (20).
Referência regional, o campus São João tem, atualmente, 1.126 estudantes matriculados e conta com 119 servidores, sendo 70 professores e 49 técnicos-administrativos.
A GREVE
Desde o dia 3 de abril, os campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) entraram em greve, um movimento nacional articulado com os filiados do Sinasefe e também com professores e técnico-administrativos das universidades federais.
Apesar dos Institutos Federais serem escolas renomadas, desde 2016 vêm sofrendo com cortes sucessivos no seu orçamento e a precarização nas condições de trabalho dos seus servidores. “Atualmente, os IFs possuem um orçamento semelhante àquele de 2015, porém, com 40% a mais de estudantes. Como consequência, vive-se a falta de dinheiro para bolsa de pesquisa, extensão e ensino e, principalmente, falta de recursos para a manutenção diária das escolas e auxílio estudantil — política essencial para garantir a permanência e êxito dos educandos”, destacou o sindicato.
“Nesses últimos oito anos, os servidores das universidades e Institutos Federais assistiram um achatamento salarial, com um período de mais de cinco anos sem reajuste salarial e queda do poder de compra. O salário básico de um técnico-administrativo de nível médio nos Institutos Federais é, atualmente, inferior a R$ 1.600, e dos professores, abaixo de R$ 4.000, para um regime de quarenta horas. Por conseguinte, muitos profissionais, especialmente técnico-administrativos, vem se desligando dos Institutos Federais”, relatou.
DEMANDAS
Na pauta, o Sinasefe reivindicou a reestruturação das carreiras de técnico-administrativos e docentes. Também cobrou a recomposição salarial de 34,32% dividido em três parcelas iguais de 10,34% (2024, 2025 e 2026) para os técnico-administrativos e de 22,71% dividido em três parcelas iguais de 7,06% (2024, 2025 e 2026) para os docentes. Entre as reivindicações ainda estava a revogação de todas as normas que prejudicam a educação federal aprovadas nos governos de Michel Temer (2016-2018) e Jair Bolsonaro (2019-2022), além da recomposição do orçamento dos Institutos Federais. “Desde o início do governo Lula, esses e outros pontos foram apresentados. Porém, não atendidos, restando apenas o instrumento da greve como forma de pressionar as autoridades, e, assim, concretizar integralmente a proposta dos Institutos Federais: um ensino público, de qualidade e socialmente referenciado”, destacou o sindicato, antes ao deflagrar o movimento grevista.
GOVERNO ANUNCIOU INVESTIMENTOS
No dia 10 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com os reitores das universidades e institutos federais no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), e anunciou investimentos de R$ 5,5 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para universidades e hospitais universitários. O montante será investido em salas de aula, laboratórios, auditórios bibliotecas, refeitórios, moradias e centros de convivência. Os recursos contemplam 223 novas obras, 20 em andamento e 95 retomadas.
Além disso, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou o acréscimo de R$ 400 milhões para custeio de universidade (R$ 279,2 milhões) e institutos federais (R$ 120,7 milhões). De acordo com ele, o orçamento das universidades, em 2024, após a recomposição, será de R$ 6,38 bilhões. Nos institutos federais, o orçamento ficará em R$ 2,72 bilhões.