Por Clovis Vieira
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Engana-se quem pensa que aquelas famosas quermesses de décadas atrás tenham sumido do mapa. Desde 31 de maio, a paróquia de Santo Antônio vem organizando essas festas, disponíveis aos finais de semana. “Nós sempre pedimos o auxílio não apenas de patrocinadores pequenos, médios e grandes do nosso bairro, mas de toda a São João da Boa Vista, porque é uma festa tradicional que engloba toda a cidade”, informou o irmão Guilherme Vieira Mariano, 25, há cinco anos na comunidade de Santo Antônio.
Segundo Mariano, essa ajuda vem de forma financeira e como prendas: itens de uso na cozinha, liquidificadores, cafeteiras e aqueles tradicionais, como bolos, frangos assados, cartuchos de doces etc. O que sumiu, de fato, foi a figura do leiloeiro. Era ele quem percorria todo o espaço, serpenteando entre as mesas, tentando obter a melhor oferta por uma prenda que tenha sido doada. “Nós não temos mais um leiloeiro, o nosso forte é o bingo; a realidade financeira de muitas famílias, hoje, pede que haja o bingo em que todos participam mais, de uma forma mais acessível”, disse ele lembrando que, em Mococa, no Convento de São José, ainda existe a figura do leiloeiro nas quermesses.
DEVOTOS
O sucesso dessas reuniões é inegável. O religioso garante que em cada fim de semana pode-se computar em torno de 500 participantes na quermesse. “Nós, da igreja, também temos contas e boletos a pagar, então a colaboração das famílias em nossa quermesse nos ajuda muito. Não somente este mês de festas, mas durante todo o ano”. Com relação à questão espiritual da festa de Santo Antônio, que é um dos pontos fortes dessa movimentação, ele afirma que ela é “essencial, sendo muito mais importante para todos nós aqui da comunidade”.
Uma nota que preocupa é a queda do número de devotos do santo nos últimos anos: “Em geral, a participação é boa, mas nós desejamos cada vez mais pessoas em nosso meio. Não apenas gente do nosso bairro, mas de toda a cidade que também conhece a nossa quermesse; e fazemos o convite para que venham participar e demonstrar a sua fé”. O que tem animado nessa festa, segundo irmão Guilherme, é a presença de avós que trazem os seus netos “para aprenderem e crescerem desde cedo dentro da fé, nessa devoção à religiosidade”.
PÃOZINHO
O pãozinho de Santo Antônio é uma devoção e uma tradição muito grande na Igreja Católica. “Santo Antônio amava tanto os pobres que, em muitas vezes, distribuía entre eles todo o pão do convento onde vivia com outros frades franciscanos”. Certa ocasião, o superior dos frades chegou a pensar que a comunidade havia sido roubada e anunciou que eles não teriam o que comer naquela refeição. Diante disso, Santo Antônio contou o que tinha acontecido e pediu que todos olhassem mais uma vez para o local onde, tradicionalmente, ficava esse alimento: o lugar estava cheio de pães, como se nada tivesse ocorrido.
“Este é o milagre dos pães de Santo Antônio”, declarou Mariano. A partir deste acontecimento, todo 13 de junho, dia de Santo Antônio, os fiéis levam o seu próprio pão à igreja para que seja abençoados. “Desse costume, derivaram-se algumas providências, como colocar esse pão abençoado na lata de arroz ou de açúcar ou mesmo de feijão, para que nunca falte comida naquela casa e para que todo alimento seja também abençoado pelo santo”, finalizou.