HPV atinge mais da metade da população feminina no Brasil

Por Ana Paula Fortes
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O responsável pela Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mais frequente no mundo se chama papilomavírus humano (HPV).  Esse vírus, que possui duas classificações, alto e baixo risco, atinge, no Brasil, 54,4% das mulheres e 41,6% dos homens que já iniciaram a vida sexual, em sua modalidade mais grave. Os dados são de pesquisa realizada pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) e encomendada pelo Ministério da Saúde em 2023.

Diagnóstico: exames físico, a coleta do Papanicolau ou testes de HPV no colo uterino são fundamentais (Reprodução/Stock)

O HPV além de estar associado a mais de 90% dos casos de câncer de colo de útero e ânus, também é responsável por mais da metade dos casos de câncer na vulva, pênis e orofaringe.

“Esses são vírus muito prevalentes, capazes de infectar a pele ou as mucosas de todo o corpo. Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV, sendo que cerca de 40 deles podem causar lesões anais e genitais”, explicou o ginecologista e obstetra, dr. Henrique Tellini.

Transmissão

A transmissão do vírus ocorre no contato íntimo e interpessoal com alguém infectado e em raros casos no momento do parto. “Por existirem muitos tipos de HPV, após uma primeira infecção, há sempre a possibilidade de um outro contágio, após o contato com um novo tipo”.

A infecção pode ser assintomática e combatida espontaneamente pelo sistema imunológico ou ela pode persistir e levar a sintomas e complicações.

Sintomas

Estudos mundiais em saúde da mulher demonstraram que cerca de 80% delas terão alguma infecção pelo HPV. Destas, 95% das infectadas não manifestarão nenhum sintoma precoce e a maioria terá uma resolução espontânea da infecção. Em alguns casos, o vírus pode ficar latente por meses ou anos. Porém, a diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV, provocando o aparecimento de lesões. O diagnóstico do HPV é, atualmente, realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais.

O obstetra explicou que “5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolverão alguma forma de manifestação, como lesões verrucosas na pele e nas mucosas de todo corpo, chamadas condilomas”. O médico apontou que alguns subtipos de HPV também podem causar lesões pré-cancerosas subclínicas, não visíveis a olho nu, que evoluem para câncer após um período, se não houver um tratamento adequado, acometendo principalmente o colo do útero, vulva, vagina, ânus, pênis e orofaringe.

Os principais sinais de câncer de colo uterino são: sangramento vaginal após as relações, dor nas relações sexuais e corrimento vaginal com odor. “À medida em que o câncer avança, encontramos outros achados, como perda de peso, tontura, anemia, dores nas regiões abdominal e lombar, acompanhadas de desconforto na hora de urinar e evacuar”, advertiu o ginecologista. É muito importante lembrar que todos esses sintomas não são exclusivos apenas do câncer de colo uterino.

Prevenção

A vacina é o melhor meio de prevenção e no Brasil ela é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014, prevenindo infecções para os tipos mais frequentes do vírus. O imunizante, HPV quadrivalente, é indicado para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, vítimas de abuso sexual de 15 a 45 anos e mulheres e homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos.

“O câncer de colo uterino é um dos principais tipos causados pelo HPV. O exame físico e a coleta do exame de Papanicolau ou testes de HPV no colo uterino são fundamentais para identificação precoce e tratamento de lesões precursoras, antes que se tornem um câncer”, finalizou.

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