Por Marcelo Gregório
[email protected]
De volta à região, desta vez, ocupando o posto de ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira reservou parte de sua agenda, no sábado (4), para visitar São João da Boa Vista e sua cidade natal, Águas da Prata. Durante o encontro com ‘velhos amigos’, políticos e correligionários, o ministro recebeu, em mãos, uma lista elaborada por um grupo de produtores de leite com pedidos de ajuda para recuperar o setor leiteiro, que se encontra em crise.
O fato de Teixeira ser ligado à região e próximo do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) trouxe esperança aos produtores rurais. Na conversa com o ministro, eles relataram que está praticamente inviável trabalhar no ramo leiteiro no País, em razão dos custos elevados de produção. Quase sem ‘fôlego’, eles pediram, com urgência, que o governo federal reduza drasticamente a importação de leite e derivados para que os pequenos e médios produtores prossigam com a atividade sem prejuízos e gerando empregos.
POSICIONAMENTO DO MINISTRO
Acerca do quê poderá ser feito para amenizar a situação, Teixeira destacou que a importação de leite aumentou no ano passado em decorrência de duas resoluções publicadas pelo governo Bolsonaro, que tinha a expectativa de gerir a inflação permitindo a entrada do produto no Brasil. Ele mencionou que as medidas foram abolidas e substituídas por um novo decreto que prepara novas condições de crédito para a compra do leite. “Então, se os laticínios compram leite in natura, eles poderão se apropriar de crédito de PIS/Pasep. Com isso, nós estamos estimulando a compra de leite in natura no mercado interno. Também pedimos uma investigação sobre triangulação, isso é, leite que possa estar vindo de fora do Mercosul, e entrando aqui como se fosse do Mercosul, é ilegal”, pontuou o ministro em entrevista ao g1.
SINDICATO RURAL
Na sexta-feira (3), um dia antes da visita de Teixeira a São João, o ex-prefeito Nelson Nicolau, que também é produtor rural, articulou uma reunião no Sindicato Rural com pecuaristas da cidade e região para definir quais pedidos seriam feitos ao ministro. “A crise que está vivendo o setor leiteiro no Brasil é gravíssima em decorrência do volume exacerbado de leite importado que vem do Mercosul, além do leite produzido pela Nova Zelândia e outros países produtores, isso ‘inundou’ o Brasil de leite. Então, as empresas importadoras de produtos, os grandes atacadistas e algumas empresas de laticínios importaram demais do Mercosul. Isso ‘inundou’ o Brasil de leite e abaixou o preço ao produtor que já vivia um momento grave devido ao aumento do preço dos insumos”, explicou Nicolau.
Dono de uma propriedade em Vargem Grande do Sul, o pecuarista Vagner Strazza disse que o principal entrave para manter a sua produção diária de 800 litros de leite é o preço da concorrência externa. “Esse leite importado que chega aqui não tem como a gente competir. Então, precisava de uma medida rápida para frear essa entrada de leite. Todo mundo investiu e tem contas para pagar. Está muito ruim para vender”, lamentou Strazza.
OUTRAS REIVINDICAÇÕES
Além da redução da importação de leite e derivados, os produtores querem que o governo federal proíba a reidratação de leite em pó para a comercialização como leite fluido e aumente a fiscalização para impedir a entrada do produto no País por meio de operações de ‘dumping’ (abaixo do custo de produção). Outra exigência para fortalecer o setor é a ampliação de compras do governo direto do produtor ou cooperativas de leite para os programas sociais. A implantação do ‘Ticket do Leite’ para a população de baixa renda, a redução de impostos e taxas que incidem sobre máquinas, equipamentos e serviços que impactam os custos também estão na lista de pedidos entregues ao ministro.
AGENDA DO MINISTRO
Antes de São João e Águas da Prata, Paulo Teixeira esteve em Caconde. Ele participou de um encontro com produtores de café e visitou as torres de conectividade digital da Embrapa, naquele município. Em seguida, o ministro do presidente Lula foi a São Sebastião da Grama para prestigiar um concurso que premiou os melhores cafés da região. “É muita novidade, muita coisa boa, muito potencial. Isso faz com que a gente se anime. É a gente agregar valor à produção aqui”, enfatizou Teixeira ao O MUNICIPIO.
