Por Marcelo Gregório
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Prejuízos, dificuldades e, em alguns casos, demissões. São relatos de produtores rurais com referência às condições precárias em trechos da Estrada Velha entre São João da Boa Vista e Vargem Grande do Sul, principalmente em dias de chuva. Contudo, essas reclamações poderão acabar devido ao superintendente do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Sérgio Henrique Codelo Nascimento, ter afirmado que o governo paulista dará prioridade às obras de pavimentação na via pública.

A declaração do responsável pelo órgão trouxe esperança e otimismo para quem não vê a hora dessa luta por melhorias terminar. A estrada também é muito utilizada por moradores do Bairro Pedregulho, que se deslocam pelos 16 quilômetros até a zona urbana de São João. O pecuarista Luís Carlos Pires, dono da Estância N. S. Aparecida, onde fica o ‘Estábulo Horse’, no km 4 da estrada, disse que perdeu clientes em decorrência dos buracos e quantidade de lama. “Eu acabei quebrando carro com isso, já sofri vários danos com buracos, mas a gente depende da estrada de terra. Eu tenho um haras aqui, então eu alugo baias, piquetes e pistas para treinamento, e tinha uma equipe. Aluguei para um professor de [Espírito Santo do] Pinhal e os clientes vinham trazer suas filhas para fazer [provas dos] três tambores [em 24 cavalos] aqui. Devido ao ano passado com muito barro, encravando carros novos, ficou difícil o acesso e eu acabei perdendo todos esses clientes”, explicou Pires.
ESTUDO ORÇAMENTÁRIO
Conforme publicado pelo O MUNICIPIO, o superintendente do DER confirmou a decisão de priorizar a pavimentação da estrada em reunião com o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT) e os produtores rurais Fábio Hernandes e Fábio Cabral, na sede do departamento em São Paulo. Na ocasião, Nascimento não deu prazo, mas explicou que um estudo orçamentário deverá ser feito antes do início das obras.
NÚMERO DE PRODUTORES
De acordo com o Sindicato Rural e Patronal de São João, atualmente não há uma estimativa oficial do número de produtores nas imediações. Segundo levantamento feito em 2007, por uma comissão de moradores, e enviado à reportagem pelo produtor Fábio Cabral, a estrada reunia naquele ano 325 grandes e pequenos produtores, de forma extraoficial. À época, com apoio da Câmara Municipal, a comissão chegou a enviar ofício ao então governador José Serra pedindo o asfaltamento da estrada.
FIM DOS PREJUÍZOS
Há dois anos e meio, o produtor Tiago Santos, o popular ‘Brejo’, mantém a propriedade dele no km 8. “Temos gado e um rancho [com] baias, piquetes e pista, e mexemos com os cavalos. Com certeza, tivemos vários prejuízos com carro, pois rodo na estrada todo dia. Quanto à pavimentação vejo que a luta é bem grande, mas estamos no caminho certo”, concluiu Santos.
O asfaltamento da estrada evitaria transtornos aos produtores pequenos, voltou a afirmar o pecuarista Pires. “Aqui em casa, os caminhões boiadeiros que vêm buscar bezerros para o leilão, teve época que [os motoristas] não queriam vir buscar [os animais] por motivos de quebrar o caminhão, ficar atolado na estrada. Então, a gente ficava sem acesso até dos caminhoneiros para vir trazer ração para os cavalos”, relembrou o pecuarista, que também citou a ausência de alunos nas escolas em períodos de chuvas porque as vans não conseguem o deslocamento. “Tinha um funcionário meu aqui, agora eu não tenho mais por perder clientes, [ele] tinha criança, mas a van não vinha pegar por não ter condições na estrada. [Os alunos] ficavam sem fazer prova”, destacou Pires.
SEM ALUGUEL
Dono de uma chácara no km 6, o produtor André Luís Ribeiro aluga a propriedade para a realização de eventos. Ele contou à reportagem que há seis anos enfrenta dificuldades em razão das condições da estrada. “Na verdade, a minha chácara [é para] aluguéis de finais de semana. Já tive muitos prejuízos com carro com gente que não quis ir para a chácara por causa da situação da estrada, tendo que até devolver dinheiro para o freguês. Minha chácara fica na beirada da estrada [e tem] muita poeira. Gasto muito com produtos de piscina etc”, reclamou Ribeiro.