Adriana Torati atua no palco e no forno

Por Clovis Vieira
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Adriana Torati Magalhães é mãe, produtora cultural e em 2018 inventou a ‘Ueba Pães Artesanais’. “Sou uma mulher que criou o próprio negócio, para que não tivesse que pedir emprego para ninguém”, disparou logo no início da entrevista. Formada em Direito, lecionou Inglês, atuou como corretora de imóveis em São Paulo e apaixonou-se pela produção cultural, área em que trabalha e na qual se sente muito à vontade.

(Clovis Vieira/O MUNICIPIO)

Nesse campo, desenvolveu projetos para o Serviço Social do Comércio (Sesc), na Capital, em festivais internacionais. Como eram projetos realizados por temporada, começou a trabalhar em planos de leis de incentivo na área cultural. “Aqui em São João nós também fizemos alguns projetos, como a X Semana Fernando Furlanetto (2015), a produção do documentário em vídeo do centenário do Theatro Municipal”, até que o ano de 2017 chegou com grandes mudanças.

LOUÇA NA PIA

“Naquele ano, eu comecei a me inteirar e a me apaixonar por fermentação natural, fiz o meu próprio fermento e criei o meu primeiro pão”, recordou. Para divulgar essa novidade que pouca gente conhecia, inseriu anúncios em redes sociais para angariar clientes. E confessa: o que considera mais difícil na empreitada de manter o próprio negócio, é a obrigação de realizar todas as fases de uma produção. “O meu primeiro pão parecia uma ‘disco-voador’, não ficou muito bom… hahaha”, divertiu-se lembrando.

Na ‘Ueba’, Adriana faz a pré-venda, produz o fermento, faz e modela os pães, assa e embala cada um deles e já chegou a entregar pessoalmente as encomendas, no tempo da pandemia de Covid-19. “Depois é preciso limpar tudo na cozinha, porque vai gerando aquela quantidade de louças, é infernal, não acaba nunca!”. Em seguida, fotografa a produção e posta nas redes sociais. Sua única aliada é a filha Vera, que participa na limpeza do que está na pia. “Eu pago um salário a ela, para realizar esse trabalho”.

PÃO NOSSO

Sua relação com a filha é considerada “maravilhosa, porque somos só nós duas”, ressaltou. Mas confessa que essa convivência é um aprendizado diário – “ tem dias, que fica difícil mesmo, mas a gente vai aprendendo juntas”. Adriana conta que sendo mãe de Vera “há tanto tempo”, e ela com 16 anos agora, esse ‘exercício’ vai se tornando mais fácil. Em 2020, Vera começou a participar de modo mais próximo no ‘ganha pão’ da família, preparando os pacotes da clientela e realizando outros serviços que facilitaram manter o negócio.

“Eu não sou uma pessoa que tem posses, não venho de uma família que me deixou heranças… então, eu tenho que realizar esse trabalho”. Ao procurar por uma atividade em que fosse a dona e a administradora do próprio tempo e, ainda, gerar renda, encontrou a produção de pães artesanais com fermentação natural. “Vou trabalhar numa loja, num escritório? Não quero!” Assim, a ‘Ueba Pães’ surgiu como a atividade que permite a Adriana manter-se na produção cultural e alimentar sua clientela com o pão nosso de cada dia.

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