Suspeito se retrata após frases homofóbicas e discurso de ódio

Por Marcelo Gregório
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O suspeito de ter escrito comentários ‘pesados’ em uma rede social, supostamente ligados a crimes de homofobia e discurso de ódio, contra a comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (Lgbt+), retratou-se publicamente na quarta-feira (30). Ele tomou a decisão após ser ouvido pelo Núcleo Especial Criminal (Necrim) em São João da Boa Vista. No órgão da Polícia Civil, especializado em crimes de menor potencial ofensivo, F.P.M., autor das frases, e uma das vítimas, o presidente da ONG Quatro Estações, João Pedro Gimenez, reuniram-se com o delegado Ivan Luís Constâncio, com a finalidade de uma conciliação.

Conciliação: suspeito e uma das vítimas reuniram-se com delegado do Núcleo especial Criminal (Necrim) (Marcelo Gregório/O MUNICIPIO)

ACORDO

Junto do advogado, Gimenez concordou que o suspeito se retratasse publicamente para que o episódio pudesse ser encerrado ao menos na esfera da Polícia Civil. “De fato, ficou acordado entre a gente uma retratação pública por parte dele nas redes sociais, tanto no Instagram quanto no facebook do mesmo, conquanto que essa publicação fique aberta e fixada por 30 dias, para que todos possam ver”, exigiu o presidente da ONG.

RETRATAÇÃO

Demonstrando não querer mais complicações, o suspeito aderiu à proposta de desdizer. No mesmo dia, de forma amigável e mais ‘leve’, ele publicou a retratação, embora tenha afirmado na audiência que reprova o uso de recursos públicos para a realização de eventos como a Parada do Orgulho Lgbt+ e outras atividades do segmento. “Eu, F.P.M., na data de 13/07/2023, manifestei, através [sic] da rede social Instagram, no perfil do Departamento de Cultura da Prefeitura de São João da Boa Vista, minha opinião contrária ao uso de dinheiro público para financiamento do evento ‘Semana de Diversidade e do Orgulho Lgbtqi+, sendo certo que nada possuo contra a pessoa de João Pedro Gimenez Bernardes de Oliveira e a Associação e ou a Ong Grupo Quatro Estações, por ele representada, sendo que esta nota é fruto de composição amigável entre ambas as partes”, encerrou o suspeito.

OUTRA VÍTIMA SERÁ OUVIDA

Gimenez e o suspeito chegaram a um acordo, mas o Necrim ainda ouvirá a outra vítima, o presidente do Conselho Municipal Lgbt+, Christhopher Eluis da Silva Nogueira, que precisou desmarcar a audiência por motivos de saúde. Como a Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania acatou a denúncia das vítimas, é possível que as partes envolvidas sejam intimadas a prestar depoimento. Entretanto, Gimenez adiantou que a retratação foi o suficiente. “Nós, como ONG, vamos continuar fiscalizando as atitudes [do suspeito]. Fomos informados que ele tem interesse em se candidatar a vereador nas próximas eleições, e pela chapa que ele sair, vamos cobrar um posicionamento do partido”, pontuou.

OS ATAQUES

Os ataques foram praticados em julho, na página do Departamento Municipal de Cultura, no Instagram, às vésperas da 15ª Parada do Orgulho Lgbt+ e de outras atrações temáticas (palestras, debate, exposições, exibição de filmes). Na ocasião, frases supostamente ofensivas e preconceituosas foram escritas pelo homem, que dizia não aprovar o uso de dinheiro público direcionado à comunidade Lgbt+. “[Essas verbas] podem ser repassadas para outro setor, não a essas vergonhas, [de] incentivar a ser homossexual, isso não faz parte de nossa cultura. Para um país cristão é imoral e pecado”, postou na ocasião.

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