Faltam remédios nas unidades de saúde

Por Marcelo Gregório
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O usuário da saúde pública municipal de São João da Boa Vista alega estar cansado de ter que voltar para casa, após a consulta, sem conseguir, de forma gratuita, o medicamento solicitado pelo médico. Conforme o O MUNICIPIO apurou, em grande parte dos relatos, a única solução tem sido mexer no bolso para a obtenção de antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos, por exemplo.

Na cidade, há sérias denúncias de que as prateleiras estariam à espera de diversos tipos de medicamentos considerados básicos e de baixo custo aos cofres públicos. Dentre eles, o Aciclovir, para tratamento de infecções causadas pelo vírus herpes; Omeprazol, indicado para esofagite, refluxo e gastrite; e o Nitrofurantoína, antibacteriano para infecções urinárias agudas e crônicas. Inconformados com a ausência das substâncias necessárias, usuários reclamam que a resposta nas Unidades de Saúde de São João tem sido quase sempre a mesma: “não tem remédio”.

Desabastecimento: entre os medicamentos em falta na rede estão o Aciclovir, o omeprazol e o Nitrofurantoína (Marcelo Gregório/O MUNICIPIO)

DIFICULDADES

Recentemente, a técnica de enfermagem Karina Ferreira Rovigatti percebeu o problema e ficou revoltada. Ela disse que o seu marido precisou passar pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Conrado e, após o diagnóstico do médico, não foi possível conseguir os medicamentos recomendados: Prednisona, Amoxicilina e Acetilcisteina. “Isso é uma vergonha. Não tem medicação na UPA e nem no postinho. Meu marido precisou dessas medicações e tive que comprar. A única coisa que tem é Dipirona e Paracetamol. Só o antibiótico [custou] R$ 110. A saúde não é prioridade?”, questionou Rovigatti.

Em razão de trabalhar na casa de pacientes, pelo sistema ‘home care’, a profissional apontou outro problema grave que tem presenciado com frequência. “Os meus pacientes quando precisam de medicação vão [às unidades de saúde] e não tem nem omeprazol, nada”, desabafou.

ASSUNTO NO LEGISLATIVO

Na Câmara Municipal, o problema tem sido levantado, na maioria das vezes, pelo vereador Junior da Van (PSD). Em uma das sessões, por meio de vídeos e fotos, ele denunciou irregularidades nas Unidades de Saúde da Família (USFs) ‘Dr. Raul de Oliveira Andrade’, no Jardim Durval Nicolau, e ‘Dr. Geraldo Pradella’, no bairro Santo Antonio. “Não dá para aceitar. Essa situação também se encontra [nas unidades dos bairros] Azaleias e Ipê. [Faltam] uns trinta medicamentos básicos [como] Furosemida, Ibuprofeno, que é um dos mais recomendados pelos médicos nos postinhos, Cefalexina”, destacou o vereador.

SEM PREVISÃO

A vendedora Silvia Aquiles Ferreira expôs o que vivencia ao procurar medicamentos na USF ‘Dr. Benedito Carlos Westin’, no Jardim Azaleias. “Até hoje não tem omeprazol, passo lá todo dia, e não tem previsão de chegar. Não tem o Hidroclorotiazida, Atenolol, então, piorou. Eu tomo o Diosmin controlado. Pego na Farmácia Central. Sempre ligo lá e falam que não tem. Não tem previsão. Só no próximo mês. Falta o básico do básico” reclamou Ferreira.

NECESSIDADE

À reportagem, uma mulher moradora no Santo Antonio, que pediu para não ser identificada, denunciou que não conseguiu o medicamento Bactrin para amenizar uma irritação crônica que tem na região facial. “Estou com a pele com pústulas por falta do medicamento. Tenho que tomar dois comprimidos de manhã e dois à noite. [Na unidade] não tem prevsião de compra. Da última vez que peguei, o ‘moço’ da farmácia conseguiu em outros postos. Dessa vez, [ele] ligou em outros postos para ver se conseguia me arrumar por ser tratamento”, explicou.

REDE DESABASTECIDA

O Departamento Municipal de Saúde reconheceu que faltam os medicamentos na rede pública. “Aciclovir, Omeprazol e Nitrofurantoína se encontram em situação de desabastecimento na rede, entretanto, tão logo for cumprido o cronograma de distribuição do Programa Dose Certa do Governo Federal, a rede de saúde será abastecida. Cumpre informar que no primeiro semestre, o município deixou de receber 3.691 cápsulas de Nitrofurantoína 100 mg e 81.941 cápsulas de Omeprazol 120 mg”, explicou o diretor Fábio Ferraz.

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