Por Marcelo Gregório
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O tempo seco e a escassez de chuva têm gerado sinal de alerta na região para possíveis riscos de incêndios em áreas verdes como a Serra da Paulista em São João da Boa Vista e o Parque Estadual em Águas da Prata, ambas extensões já atingidas por queimadas, com inúmeros prejuízos. Em razão de serem ricas em fauna e flora, órgãos ambientais, autoridades municipais e estaduais, ONGs e voluntários já se mobilizam para o período de estiagem.
A ONG Brigada do Barranco, criada em 2020, na Estância Hidromineral é uma delas. “Estamos preparados para os combates como dispõe o protocolo do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, seguindo as fases da estiagem: [definidas pelas cores] verde, amarela e vermelha”, explicou o bombeiro civil, Gabriel Eduardo Moraes Silveira.
FASES DA ESTIAGEM
O protocolo incide de dezembro a março para a fase verde, momento de manutenção das ferramentas, além da troca dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPI’s) danificados. Na fase amarela, de abril a junho, a proposta é apoiar campanhas de conscientização, bem como capacitar e treinar os voluntários. Na fase vermelha, pontuada como a mais crítica do ano, de julho a novembro, a Brigada inicia o desafio. “É a hora do ‘show’, porque os incêndios florestais começam e intensificam”, relatou Silveira.
VOLUNTÁRIOS
Atualmente, 30 voluntários, entre diretores, brigadistas, membros da logística e responsáveis pelo transporte, realizam as tarefas. “Não fazemos exclusão de ninguém, afinal, estamos aqui para ajudar e apoiar uma causa maior que é defender a ‘Mãe Terra’, e preservar a nossa biodiversidade”, reforçou.
DINHEIRO CURTO
A ONG está estruturada na parte burocrática, bem como na questão de aquisição de equipamentos, segundo o combatente. Contudo, o aporte financeiro para o desenvolvimento do trabalho nem tanto. “Sim, às vezes, ‘rola’ de acontecer uma ajuda de custo, porém, quando acontece geralmente é de mantimentos e EPI’s para ajudar nos combates”, contou.
TIPOS DE INCÊNDIO
O médico veterinário Plinio Bruno Aiub explicou que os incêndios florestais são divididos em categorias conforme a geografia da área afetada. O especialista em cirurgia clínica de animais citou que em regiões como o Pantanal, por exemplo, os incêndios são muito mais prejudiciais porque as condições do relevo facilitam que o fogo circule, cerque os animais e os mate. “Nos incêndios florestais como os nossos aqui, em montanhas e serras, temos a ‘vantagem’ dos vários esconderijos, tocas e pedras, e os animais conseguem se esconder porque o fogo não atinge o interior”, disse o professor.
ANIMAIS EM FUGA
Aiub garantiu que a fauna de mamíferos de médio e grande portes consegue escapar do fogo. “Começando pelas lebres, cachorros do mato, lobos-guará, onças e jaguatiricas, esses animais conseguem fazer fuga. Os de pequeno porte, mamíferos mais lerdos (tamanduás, bichos-preguiça) ou outros da mesma ordem que não têm velocidade, são afetados”, lamentou Aiub. O especialista ainda mencionou que as aves sofrem porque os incêndios incidem no início da primavera. “A grande maioria começa o ciclo reprodutivo nessa época. Então, elas começam a montar seus ninhos, fazer a posição dos seus ovos, e aí se pegar nessa fase o incêndio é bem deletério porque vai afetar os ninhos e as aves serão carbonizadas”, alertou.
PALESTRAS E ATIVIDADES
Para evitar que crimes ambientais sejam praticados, a realização de palestras e atividades de conscientização são essenciais. “Nós adoramos fazer esse tipo de ação. É muito importante a educação ambiental para o público infantil para mostrar a eles o caminho de defender o meio ambiente. Dali podem sair futuros bombeiros e brigadistas, biólogos e o mais importante: pessoas conscientes independentemente da profissão”, concluiu Silveira.