Por Felipe Melo
[email protected]
Agosto era marcado pelas campanhas contra a raiva e a disponibilização da vacina antirrábicas aos pets, conhecido como o mês do ‘cachorro louco’. Nos últimos anos tais campanhas não acontecem mais, no entanto, as vacinas estão disponíveis no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) durante o ano todo.

O fim da campanha de vacinação contra a raiva em cães e gatos não é uma exclusividade de São João da Boa Vista, mas sim, de todo o Estado de São Paulo, como comenta Michelle Santamarina, chefe do Serviço de Controle de Vetores e Zoonoses. “Em deliberação publicada oficialmente, a Comissão Intergestores Bipartite do Estado de São Paulo -CIB/SP (comissão paritária de gestão da saúde formada por representantes das secretarias municipais e estadual de saúde) decidiu suspender as campanhas de vacinação antirrábica em cães e gatos no território paulista em 2020, 2021 e, a partir de 2022, quando os municípios passaram a manter a oferta de vacinação em postos fixos como atividade de rotina durante o ano todo. (Deliberação CIB nº 169, de 15-12-2021; e Deliberação CIB nº 74, 23-06-2021, respectivamente)”, relatou.
O cenário controlado da doença contribui para o fim da campanha e a manutenção da vacinação apenas em posto fixo, como relata Santamarina. “A situação epidemiológica atual da raiva no Estado de São Paulo já garante a declaração de “área livre da raiva canina”, e, por si só, já daria sustentabilidade à tese de não mais realização das campanhas de vacinação em massa de cães e gatos como estratégia de controle de situação de relevância em saúde pública. Seguindo a orientação contida nas deliberações, a municipalidade mantém no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) uma Sala de Vacinação de Rotina para atender cães e gatos”, disse.
Desde 2021, diversos animais foram vacinados com a antirrábica no local designado pelo Centro de Controle de Zoonoses. Em 2021, foram 2.770 cães e gatos. Já no ano seguinte, o número total foi de 1.748. Em 2023, atual ano, até o mês de julho foram totalizados 769 cães e gatos vacinados.
O horário disponível para vacinação no posto fixo é de segunda à sexta-feira das 7h às 11h e das 13h às 16h30. O departamento encontra-se em período enlutado. A partir da quinta-feira (10), o atendimento no CCZ será retomado.
É importante salientar que: Animais acima dos 3 meses de idade completos podem ser vacinados; Animais que estejam em tratamento medicamentoso, o veterinário responsável deve ser consultado sobre a aplicação da vacina antirrábica; Cães devem ser conduzidos por pessoa capaz de contê-los; Gatos devem ser transportados em caixa de transporte própria ou saco de nylon trançado (saco de cebola); Se o animal possuir carteira de vacinação é importante apresentá-la para o registro da aplicação.
RAIVA
“A raiva é talvez o vírus mais mortal que possa ter existido na Terra, é uma zoonose (passa tanto de humanos para animais quanto de animais para humanos), tem uma evolução muito rápida e certamente é fatal. Sua transmissão ocorre quando o vírus presente na saliva do animal penetra o organismo através da pele ou das mucosas, por mordeduras ou ferimentos que entrem em contato direto com a saliva do animal infectado. Pode ser transmitida tanto por cães e gatos na zona urbana (menos frequente) e também em áreas rurais ou silvestres, tendo o morcego hematófago (que se alimentam de sangue) como seu principal vetor”, explicou o médico veterinário Tiago Fornaziero Dorna.
De acordo o veterinário a doença altera os hábitos dos animais, sendo o principal sintoma. “Animais com raiva, tanto cães como gatos, apresentam mudança no comportamento, inicialmente, ficam prostrados e começam a evoluir para quadros neurológicos, perdendo movimentos e também se tornando agressivos e irritados. Nos humanos ocorre da mesma forma, náuseas, dores de cabeça, dores pelo corpo, sensibilidade a luz, irritabilidade, e tem uma evolução mais longa, podendo durar até 45 dias, sendo que em cães e gatos levam a óbito em 7 a 10 dias”, elucidou.
Mesmo sendo uma doença controlada, a vacina da raiva é fundamental para a segurança do animal e deve ser feita anualmente, conforme relatado por Dorna: “Só pelo estrago que ela faz já dá pra entendermos a importância da vacinal anual de animais domésticos, de rua, em áreas urbanas e rurais. A vacina age estimulando o organismo a produzir sua própria defesa criando anticorpos contra o vírus numa possível exposição. Em animas ela deve ser aplicada anualmente, e em humanos mais utilizada em pessoas que correm o risco de uma contaminação direta, como nossa classe de veterinários”, observou.
Sobre agosto ser comumente chamado como ‘mês do cachorro louco’, o especialista pondera que isso não passa de uma lenda. “A expressão acabou virando uma lenda, não existe um período do ano onde o animal possa ser mais susceptível a pegar o vírus. Agosto acabou virando uma data, onde muito tempo atrás foi escolhida para as campanhas públicas de vacinação contra a raiva”, concluiu.
E quem não tem como levar seu pet até o CCZ? Quando a campanha era feita nos bairros era bem menos complicado. Eu mesmo não tenho como transportar meu gato até lá. Então fica sem vacina.