R$ 5 milhões serão usados para tentar reduzir fila por cirurgias e exames

Por Ignácio Garcia
[email protected]

Para tentar zerar a fila com aproximadamente 2.000 pessoas aguardando por cirurgias –apenas na Santa Casa Dona Carolina Malheiros–, o Departamento de Saúde de São João da Boa Vista usará aporte de R$ 5 milhões –destinados pela Secretaria Estadual da Saúde, e já no caixa da Prefeitura– para custear os procedimentos, entre eles as cirurgias eletivas –consideradas de menor gravidade– e exames. Fora este recurso, a Prefeitura já mantém investimento em saúde, através de contrato firmado com a Santa Casa, na ordem de R$ 35 milhões por ano, média de R$ 3 milhões/mês.

De acordo com a pasta, a pretensão é contratar 200 cirurgias mensais, com previsão de sanar a espera em, no mínimo, 10 meses. Do montante, fatia de R$ 2 milhões será para procedimentos eletivos, R$ 1 milhão para cirurgias ortopédicas, R$ 1 milhão para operações de catarata e R$ 1 milhão para exames já cadastrados no departamento e aguardando chamado.

Na fila: João Batista Tassoni aguarda por cirurgia no quadril (Ignácio Garcia/O MUNICIPIO)

Diretor de Saúde, Fábio Ferraz explica que o quadro chegou ao montante de 2.000 pacientes em espera por conta da pandemia da Covid-19, que por dois anos contribuiu para estancar tais procedimentos. “Só foram realizadas cirurgias de urgência. Mas antes mesmo da pandemia já tínhamos uma demanda, porque, infelizmente, temos mais procura do que oferta destas cirurgias. Temos pessoas, dependendo da especialidade, [esperando] desde 2018. São dois anos antes da pandemia”, lembrou.

Já neste ano, o titular da pasta informa que o departamento está retomando os procedimentos junto à prestadora (Santa Casa). “Temos contratualizado, em média, de 54 a 56 cirurgias por mês. Mas, agora, com este recurso, de R$ 5 milhões, que a prefeita Teresinha negociou junto ao Governo do Estado, [por meio] da Secretaria [Estadual] de Saúde, isso vai proporcionar que a gente faça a compra, através de mutirões, para acelerar esta fila”, disse.

Na terça-feira (26), inclusive, conforme Ferraz, as negociações foram abertas com a equipe do hospital. Segundo ele, a expectativa do governo municipal é que a Santa Casa consiga –além das cerca de 54 cirurgias mensais já contratadas– realizar mais 200 procedimentos/mês. “Até mesmo usando os fins de semana, que a Santa Casa tem uma capacidade maior de atender, para que a gente consiga, num menor espaço de tempo, atender o maior número de pessoas”, reforçou.

PREVISÃO

Com o aporte (de R$ 5 milhões) no caixa da administração municipal desde a segunda-feira (25), o diretor adiantou que as negociações verbais já tiveram início, mas ainda dependem do rito administrativo –inclui plano de trabalho e trâmites de aprovação. “[Esperamos que] Por volta de 30 ou 40 dias, esta parte documental esteja finalizada, com o contrato assinado e a gente já consiga dar início”, antecipou. “Entendemos esta necessidade, a agonia da população. Então, a ordem dela [Teresinha] é que a gente tente acabar com esta fila até o fim do ano, ou, no máximo, no começo do ano que vem. Se a Santa Casa conseguir atender esta média de 200 cirurgias por mês, vai levar em torno de 10 meses. É lógico que temos ai 2.000 pessoas aguardando para uma avaliação cirúrgica; não significa que todos terão este diagnóstico das cirurgias”, considerou, completando que, com isso, e com base em experiências de anos anteriores, espera que haja uma ‘quebra’ (redução) em torno de 20 a 30% na fila.

CIRURGIAS DE PRIORIDADE

Do total de 2.000 pessoas aguardando, Ferraz explica que é de cerca de 15% o percentual estimado daquelas que enquadram-se nas cirurgias eletivas de prioridade. “É muito relativo à especialidade, porque cada uma delas tem o nível de prioridade. De uma forma geral, em torno de 10 a 15% dessas pessoas são triadas pelos médicos auditores do Departamento de Saúde como prioridade. E uma especialidade, entre todas, e que acaba tendo um maior número de prioridades é a de cirurgias ortopédicas, principalmente aquelas que precisam de prótese (vide abaixo) e que têm um custo até um pouco mais elevado”, afirmou.

De acordo com o diretor, a pasta já tem levantamento –triado pela Santa Casa– de que 110 pessoas que precisarão de órtese e prótese, ao custo de R$ 1 milhão. “Então, quando falamos em R$ 5 milhões, temos, num primeiro momento, uma percepção de que seja um grande valor. Mas, infelizmente, as demandas são muitas e o custo destas cirurgias –das próteses– também já era elevado e acabou ficando mais ainda, por conta do aumento dos insumos”, concluiu.

Na fila de espera, desempregado aguarda por cirurgia no quadril

O desempregado João Batista Tassoni, 64, (foto ao lado) morador do bairro Santa Edwiges, precisa passar por uma cirurgia no quadril e é um dos 2.000 sanjoanenses que espera pelo procedimento. Impossibilitado de trabalhar e com as constantes dores que sente pelo problema no quadril que se arrasta há dois anos, há alguns meses Tassoni passou a fazer uso de bengala para poder caminhar e desde outubro de 2021 aguarda pela cirurgia.

De acordo com ele, que teve encaminhamento de médico ortopedista que atende no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Casa Branca (SP), a indicação é para a colocação de uma prótese.

Com o caso já nos bancos de dados do Departamento de Saúde de São João, agora o desempregado aguarda que a tão sonhada cirurgia –considerada eletiva– chegue em breve. Enquanto isso, convive com as dores.

“É muita dor, do joelho até o quadril. Para caminhar, preciso que seja bem devagar, com a bengala e parando a todo o momento. Lugar que eu tenha que andar 300 metros, gasto meia hora para ir”, disse.

“Já faz dois anos que estou com este problema, mas no último ano piorou. Quando caminho, sinto como se uma das pernas tivesse encurtado, encolhido”, completou. Agora, o que João Batista Tassoni mais quer é que “com a graça de Deus, essa operação saia o mais rápido possível”.

COMPARTILHAR

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here