Prefeita nega suposta compra de bíblias em escândalo no MEC

Por Bruno Manson
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A Prefeitura de São Joãoa publicou uma nota oficial nas redes sociais após o município ter sido mencionado em uma matéria sobre o esquema de propina no Ministério da Educação (MEC). A reportagem, publicada quinta-feira (24) pelo jornal O Estado de S. Paulo, detalha o esquema de propina, que envolve até mesmo a compra de bíblias, citando a administração local como uma das que supostamente teria adquirido tais itens, o que foi negado pela prefeita Maria Teresinha de Jesus Pedroza (UBr).

Apesar do esclarecimento, a reportagem teve grande repercussão no município e gerou polêmica. Na matéria, um prefeito do interior paulista – que pediu para não ser identificado – revelou que a aquisição de bíblias era uma condição prévia para que o ministro Milton Ribeiro fosse até a cidade e que isto também teria ocorrido em São João.

No Theatro Municipal: Milton Ribeiro visitou São João da Boa Vista em abril de 2021 (Arquivo/Bruno Manson/O MUNICIPIO)

“Fontes ouvidas pelo Estadão disseram que as bíblias deveriam ser compradas pela Prefeitura. A Constituição determina que o Brasil é um Estado laico, ou seja, que não incentiva ou tem relações econômicas com nenhuma religião específica. E a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) veda qualquer forma de proselitismo”, consta na matéria.

VISITA

Milton Ribeiro esteve em visita ao município em abril de 2021. Na ocasião, ele foi recepcionado no Gabinete Municipal, onde participou de uma coletiva de imprensa e, logo em seguida, reuniu-se com prefeitos da região. Procurada pela reportagem do Estadão, Teresinha negou que tenha comprado bíblias para distribuição durante o evento. “Ele fez uma palestra no Theatro Municipal, houve um almoço e uma recepção. O ministro foi convidado para vir a São João através de contatos que temos na política”, afirmou. “É um absurdo, como as pessoas podem inventar coisas, não teve nada de bíblia, foi uma reunião de trabalho”, completou a prefeita.

GABINETE PARALELO DE PASTORES

O esquema de propina no MEC veio à tona após a divulgação de um áudio em que Milton Ribeiro revela que, por ordem do presidente Jair Bolsonaro (PL), dá atendimento preferencial a pastores na liberação de verbas para prefeituras. Neste gabinete paralelo, os líderes evangélicos Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura intermediavam diretamente com ele a destinação de recursos. Ambos não têm vínculo algum com o MEC e nem com o setor da Educação. O áudio foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, porém, na semana passada, o Estadão já havia revelado a existência do gabinete paralelo de pastores.

Diante deste escândalo, Ribeiro e Bolsonaro são alvos de pedidos de investigação protocolados no Supremo Tribunal Federal (STF), na Procuradoria-Geral da República (PGR) e no Tribunal de Contas da União (TCU). Ainda na quinta (24), a ministra do Supremo, Carmem Lúcia, autorizou a investigação do ministro da Educação.

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