
Antes da pandemia começar e alterar todas as formas de entretenimento, trazendo-as para o mundo virtual, os estúdios Disney já estavam divulgando o trailer da versão live action de ‘Mulan’, o que fez com que muitos que assistiram ao original, em desenho animado de 1998, se programassem para conferir a nova versão.
O sanjoanense Roberto Chaves, editor de vídeo por profissão e cinéfilo de coração, lembra que a live action sobre a lendária guerreira chinesa estava programada para estrear nos cinemas em março, mas devido à pandemia, várias mudanças de data aconteceram até que, em agosto, a ‘casa do Mickey’ decidiu que ‘Mulan’ estrearia nas telas…da casa dos interessados.
“O filme de 200 milhões de dólares iria para o canal de streaming americano ‘Disney+’, que em novembro chegará na América Latina; mas a maior aposta viria a seguir: além de pagar U$ 6,99 por uma assinatura mensal, para assistir ao longa os assinantes terão que pagar U$30 dólares, no chamado Premier Acess. Dizem os analistas que, dependendo do resultado, ‘isso pode mudar Hollywood’ para sempre”, justificou ele, que assistiu.
Quanto ao enredo, o editor de vídeos acredita que a maioria das pessoas já o conheça, graças a animação, e trata-se da filha do guerreiro Fa Zhou, que se passa por homem para ocupar o lugar do pai no recrutamento geral, feito pelo imperador, para combater uma invasão huno. “Mas, como filme de ‘carne e osso’, optaram em focar mais na lenda chinesa, de mais de 1500 anos, ’A balada de Hua Mulan’, do que na animação em si. Se vocês estão esperando o dragão Mushu, os romances e os números musicais, não esperem… porque não tem”, revelou.
O longa em live action é dirigido pela neozelandesa Niki Caro (de ‘Encantadora de Baleias’). “Visualmente é muito bonito, um trabalho em conjunto com a diretora de fotografia Mandy Walker. A escolha do elenco foi muito boa… as atuações, não”, reconheceu.
Indagado sobre o motivo desta opinião, Roberto destaca que o roteiro, escrito a oito mãos, não cria camadas emocionais – não se percebe tensão, clima de urgência ou perigo, é como se tudo ficasse muito didático e ‘engessado’.
“Jet Li interpretando o imperador parece que tem gesso até o pescoço. Donnie Yen, como o comandante Tung, está lá mais para um convite de luxo para Hollywood o observar melhor. Em nenhum momento, ele questiona se Hua Jun é homem ou mulher. Mesmo sendo improvável mulheres no recrutamento, uma linha de diálogo ou um ‘olhar suspeito’ do comandante já poderia dar um peso. A opção da produção, por colocar recrutas praticamente da mesma idade para passar despercebida essa questão, não foi convincente. Em animações isso funciona, mas em filmes é difícil engolir. Yifei Liu como Mulan segue à risca o que o roteiro pede e faz uma atuação linear”, analisou o editor de vídeos.
Ele acentua que o filme tem bela ambientação, mas personagens mal explorados, mesmo que os atores sejam bons e finaliza que até vai dar dinheiro para Hollywood, mas não ao ponto de mudá-la para sempre. (D.P)