A Rute “Corega”

JOÃO BATISTA GREGÓRIO
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Em 15 de Março de 1990, o Cruzeiro substituiu o Cruzado Novo.

O Governo bloqueou todo o dinheiro da população, depositado em Bancos, naquilo que constituiu-se o maior confisco monetário jamais verificado no mundo. Os Bancos ficaram fechados por alguns dias para que nós, empregados, digeríssimos todas as Leis, normas e circulares que chegavam às Agências, a cada minuto, via Telex.
Missão impossível pois era uma salada russa tão complexa que quando abrimos as portas tínhamos mais dúvidas do que certezas. Aliás, a única certeza era a de que ninguém, pobre ou rico, podia sacar mais que Cr$50 mil, quantia que não dava nem para pagar as despesas do supermercado.
Foram os piores dias de minha carreira, nunca sofremos tanto pois as pessoas estavam enlouquecidas, as filas dobravam quarteirões e dentro da Agência não havia condições de se mexer, de tanta gente querendo o seu dinheiro. Houve brigas, muitas brigas… gritaria, desmaios e até morte (um senhor idoso, passou mal e faleceu antes de dar entrada ao hospital).
Uma de nossas clientes era a Rute “Corega”, prostituta aposentada que à época tinha uma “Boite” na beira da estrada, de alta rotatividade e que lhe proporcionava uma boa renda, tanto que chegou a formar uma poupança considerável em nossa Agência.
Ela gostava de ser atendida pelo José Augusto, um gerente bem religioso, sério, cheio de escrúpulos e que odiava atendê-la. Tinha receios que ela pegasse em suas mãos e quando isso acontecia, corria ao banheiro para lavá-las. A Rute tinha a mania de cuspir ao falar e a sua dentadura não parava no lugar, ameaçando cair a toda hora (nem a famosa cola “Corega” segurava).
Naquele dia fatídico, ela desesperou-se e começou a gritar com o José Augusto que estava sentado à sua mesa no mezanino do prédio: “Quero meu dinheiro, preciso pagar minhas contas, você tem que me ajudar!.”
Enquanto ela vociferava e cuspia, a perereca saltou de sua boca indo parar no colo do gerente. Ele levantou-se enojado e com o tapa que deu, a dentadura voou longe, mezanino abaixo, desaparecendo entre os pés da multidão. Somente à noite fomos encontrá-la toda pisoteada e irrecuperavelmente destruída.
Bem, depois dessa estória não muito digerível, não há clima para passar receita alguma e por isso, vou enumerar para vocês algumas das ervas aromáticas que eu sempre uso em minhas receitas:

Receita

ERVAS AROMÁTICAS: alecrim (peixes, carneiro e cabrito); coentro (peixes); hortelã (carneiro e coelho); cominho (canapés, biscoitinhos e pães); endro (molhos, sanduíches e pastas de peixe); Kümell (batata sautè e pratos indianos); louro (qualquer carne, molhos e feijão); mangerona (carnes diversas, molho de tomates, pizzas, saladas e recheios de empadas); Manjericão (omeletes, ovos mexidos, frango, molho para massas, pães e pizzas); páprica (carnes, aves, caças, canapés de queijo, molhos, ovos e batatas sautè); salsa (arroz, saladas, qualquer molho, carnes vinha d’alhos); sálvia (substitui o louro, peixes e temperos diversos); tomilho (em quase todos os pratos, sopas, carne de porco e legumes); estragão (frango, ovos, peixes, legumes -especialmente abobrinha- tem leve sabor de anis).

 

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