Apuração de mortes suspeitas de Covid-19 causa polêmica

Sessão: vereadores pediram rapidez na apuração de mortes suspeitas por Covid-19 (Divulgação/Câmara Municipal)

Desde o início da pandemia, a dor da perda de um ente querido vítima da Covid-19 soma-se a tragédia dos familiares não poderem sequer dizer adeus. A despedida é marcada por um velório de no máximo 15 minutos, ao ar livre, com limite de pessoas, além do caixão totalmente lacrado. Medidas duras, mas necessárias para se evitar contaminações. Em meio a isso, as mortes suspeitas pela doença acabam seguindo este mesmo protocolo, o que até gerou debate polêmico na Câmara Municipal.

Durante a sessão ordinária na segunda-feira (29), o vereador Júnior da Van (PSD) apresentou um requerimento solicitando informações sobre o boletim informativo do novo coronavírus e propondo a busca de uma alternativa para que seja constatada com maior rapidez a causa da morte dos pacientes suspeitos de estarem com a Covid-19.

“O que me levou a propor este requerimento é que esta semana tomei conhecimento de que pessoas estão sendo enterradas como Covid-19, sendo que o resultado do exame sai somente depois de dois dias”, relatou.

“Já teve situações, inclusive em São João, em que a pessoa foi enterrada conforme o procedimento de quem está com a doença e não teve o velório, porque era suspeita, e, depois de dois dias, foi classificada que a morte não foi de Covid-19, mas por outra doença”, comentou. “A família está passando por um constrangimento, sem fazer velório. Quando tem velório é de apenas 15 minutos. E depois descobre que a pessoa não morreu de coronavírus”.

Durante a discussão da propositura, Heldreiz Muniz (REDE) destacou a necessidade de se fazer testes rápidos para os pacientes com suspeitas. Já Carlos Gomes (PL) também reforçou a necessidade desta medida. “Quanto mais o Poder Público trabalhar para poder fazer esse exame preventivamente, para cuidar da doença e não ocorrer o óbito, é melhor”, disse.

DEBATE

O assunto prosseguiu durante o espaço destinado às considerações pessoais dos edis. Na ocasião, pastor Carlos (PSDB) falou a respeito da dor que as famílias sentem ao perder um ente querido e da importância de se confirmar a causa do falecimento o mais rápido possível.

Logo em seguida, Heldreiz comentou que, no começo da pandemia, o resultado dos exames demorava mais para sair e que, atualmente, o UniFEOB está realizando o teste rápido de duas horas.

Já Rodrigo Barbosa (PSB) citou que, quando o paciente vem a óbito, ainda tem que ser feito o exame RT-PCR – que leva 72 horas para sair o resultado – e, com isso, acaba sepultado como suspeito de estar com a doença.

Por sua vez, Carlos Gomes contou que acompanhou um caso semelhante, ocorrido em uma instituição filantrópica no passado e falou da complexidade deste problema. “Há duas situações: onde a gente pode usar um teste para salvar uma vida e onde temos um teste para justificar aos familiares”, observou. “Hoje, a testagem é imprescindível para salvar vidas. […] O momento é de salvar vidas. Está morrendo gente! Hoje [dia 29], o Brasil bateu recorde novamente de óbitos. O Brasil está batendo recordes no mundo de óbitos! Nós precisamos buscar soluções para salvar vidas!”, frisou.

CÂMARA FRIA

Durante a sessão, Bira (PL) argumentou que este assunto deve ser analisado pela comissão instituída pela Câmara Municipal para acompanhar o enfrentamento da Covid-19 no município. Segundo ele, os edis devem se reunir e buscar informações sobre o que pode ser feito para este tipo de situação. “Acho que, no caso, teria que tentar alguma câmara fria para que possa poder, o falecido, ficar de um a dois dias até que venha o resultado do exame”, opinou.

EXAMES

Em meio à sessão, Rodrigo Barbosa tirou algumas dúvidas a respeito desses exames. Ele explicou que, quando a pessoa apresenta, no mínimo, três sintomas, já indica uma necessidade de se fazer o teste rápido, que fica pronto em até 40 minutos. “Uma pessoa chegou lá, com sintoma, porém, teve uma parada cardiorrespiratória e faleceu; aí não adianta fazer o teste rápido. Tem que ser coletado o PCR para fazer uma investigação de quanto tempo ela estava com Covid e se teve a oportunidade de transmitir ou não para familiares”, informou. “No momento é feito só o PCR e leva 72 horas para ficar pronto. […] O teste rápido só fala se a pessoa está [infectada] no momento, diferente do PCR, que vem completo e aponta se a pessoa já teve Covid-19 ou se ainda está com a doença, se ainda está transmitindo ou se já passou o período de transmissão”, declarou. “Mesmo com o teste rápido, tem que ser feito um segundo teste que é o PCR”, destacou.

REUNIÃO

Encerrando o debate, o presidente da Câmara, Rui Nova Onda (DEM), contou que perdeu um amigo para a Covid-19 e sugeriu que a comissão da Casa de Leis se reunisse. “Entendo a preocupação do Júnior e dos nobres colegas, mas a comissão traria uma resposta mais rápida para a Casa”, afirmou. Ao final, ele e os demais vereadores decidiram que se reuniriam após sessão para discutir o tema e buscar uma solução para esta questão.

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