Kit Covid: prefeita dá sinais de não sancionar anteprojeto

Polêmica: anteprojeto dispõe sobre disponibilização gratuita de remédios para tratamento precoce (Divulgação/Fernando Moreno/AGIF)

A prefeita Maria Teresinha de Jesus Pedrosa (DEM) deu sinais de que não irá sancionar o anteprojeto de lei que dispõe sobre a disponibilização gratuita de medicamentos para o ‘tratamento precoce’ na rede pública de São João. Segundo ela, “enquanto Poder Público, nós não podemos assumir esse protocolo, porque não ele tem comprovação científica. […] esses medicamentos fazem parte da rede, o protocolo e a conduta vai ser do médico”. A posição da prefeita foi manifestada durante entrevista ao quadro ‘Em Pauta’, que estreou na sexta-feira (19) pelo portal São João News.

Questionada se iria sancionar o anteprojeto de lei – que inclui a distribuição dos seguintes medicamentos: hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, bromexina, nitazoxanida, zinco, vitamina D, anti-coagulantes e/ou outros fármacos que venham a ser liberados e preconizados pelo Ministério da Saúde, durante o período de pandemia –, ela adiantou que não será imposto nenhum protocolo, uma vez que não há comprovação científica da real eficácia destes. “[…] Não saberia dizer se são todos, mas a ivermectina, a cloroquina, a azitromicina; todos esses remédios, eles já tem (sic) na rede pública. E o que que é feito? É da conduta médica. Então cada médico, ele vai avaliar o paciente e ele vai entender se deve dar ou não esse medicamento […]. Então não é um protocolo que você pode obrigar o médico a seguir se ele não quer. […] é um tratamento que não é ainda (sic)… não tem avalização científica comprovada. Então nós não podemos impor ao médico que ele faça esse protocolo”, afirmou.

 

DISCUSSÃO NA CÂMARA

A polêmica em torno da adoção do tratamento precoce esteve entre os assuntos debatidos na segunda-feira (22), na Câmara Municipal. Ao comentar sobre o anteprojeto apresentado, o vereador Carlos Gomes (PL) solicitou à Mesa Diretora para que seja feito um comunicado, esclarecendo que o encaminhamento do requerimento ao Executivo na última semana não significa a aprovação do procedimento na rede municipal de saúde. “A população está entendendo que já aprovamos o ‘tratamento precoce’ e que os vereadores votaram todos a favor”, disse.

Ele explicou que, somente após a apreciação desta propositura, é que a Prefeitura elaborará ou não um projeto versando sobre esta alternativa, o qual será destinado à análise e votação na Casa. “Aí cada vereador vai poder tomar a sua posição”, relatou. “Em São João da Boa Vista, ainda não está definida esta questão do ‘tratamento precoce’. Cabe à Prefeitura Municipal, à prefeita Teresinha, tomar uma providência quanto a isso. E se, por um momento, no futuro, vier qualquer lei neste sentido, aí cada vereador vai poder tomar a sua posição, no sentido de aprovar ou não”.

 

DEMORA

Por sua vez, Claudinei Damalio (PSD) questionou o Executivo em relação a um posicionamento sobre o tema. “Quanto ao ‘tratamento precoce’, eu acho que está demorando demais já. Era para ter resolvido isso! Não adianta ficar esperando como a vacina, que vai chegar só em setembro”, comentou, referindo-se às doses produzidas pela farmacêutica Pfizer. “Estão culpando nós, porque não estamos tomando posição sobre as vacinas. Essa vacina vem [do governo] federal, nem é a prefeita que determina isso”.

 

SITUAÇÃO DIFÍCIL

Na ocasião, Aline Luchetta (REDE) disse que esteve com Teresinha para conversar sobre o anteprojeto. “Quanto ao acolhimento precoce, nós falamos com a prefeita e ela deixou bem claro que, por se tratarem de remédios que já estão disponíveis na rede SUS, não teria essa necessidade [de um projeto]”, relatou. A vereadora ainda comentou sobre as discussões em torno deste assunto, o que tem gerado até mesmo ataques pessoais nas redes sociais. Ao lamentar tal fato, ela aproveitou para frisar que as propostas apresentadas visam apenas contribuir para o enfrentamento da pandemia. “Quando nós trouxemos para cá, a intenção era, pela glória de Deus (sic), fazer o melhor. Nunca era sobre uma questão pessoal, de achar certo ou errado. Jamais! Dá até receio de trazer algo que a gente acha positivo e é do nosso conhecimento, da nossa vivência, para a população e ser negado, de uma forma negativa”, desabafou.

 

ASSUNTO POLITIZADO

Em meio ao debate, Júnior da Van (PSD) reafirmou seu comprometimento com a adoção do ‘tratamento precoce’. “Sou completamente a favor da vacina, do ‘tratamento precoce’ e do que for preciso para sairmos dessa situação. Estamos há um ano já nesta situação”, ressaltou.

 

PEDIDO REFORÇADO

Em sua fala, Joceli Mariozi (PL) reforçou a solicitação de Carlos Gomes para que a Casa de Leis divulgue um esclarecimento sobre este tema. “Talvez não seja da opinião de todos o acolhimento precoce. Então é bom para que a população saiba de que não é algo em conjunto”, justificou.

 

SEM COMPROVAÇÃO

Ao comentar o anteprojeto, Luiz Paraki (REDE) disse que a propositura previa que o ‘tratamento precoce’ não   seja obrigatório, caso venha a ser instituído no município. “A pessoa não vai ser obrigada a tomar esse medicamento. Ela vai passar por uma triagem”, afirmou. “Sabemos que não tem uma comprovação científica, então não custa tentar. Se não faz mal (sic), porque não tentar?”, questionou o edil.

 

‘ACOLHIMENTO’

Diante do tema, Heldreiz Muniz (REDE) relatou que o anteprojeto versa sobre ‘acolhimento precoce’, destacando que esta seria a nomenclatura correta para a proposta apresentada. (N.R.: no documento apresentado pelos edis, o termo ‘tratamento precoce’ é citado 11 vezes, enquanto que o termo ‘acolhimento precoce’ não é mencionado).

O vereador relatou que a iniciativa determina que seria da alçada do médico poder receitar a medicação, a qual já se encontra no sistema SUS. “A gente viu as polêmicas nas redes sociais das pessoas que são a favor e contra, mas acho que a gente deveria esclarecer (sic) este ponto também, para que não fiquem esses dois lados brigando. O que a gente precisa nesse momento é salvar vidas. E salvar vidas eu acho que vem principalmente pela vacina. Os outros tratamentos vão mais da conduta médica, porquê só o médico pode prescrever. Eu, como vereador, ou a prefeita, acredito que não se pode obrigar nenhum médico a prescrever algum tipo de medicação. É importante que a Câmara deixe isso claro também, se não acaba tendo uma briga de lados que não leva a lugar nenhum, num momento em que a gente precisa se unir e seguir em frente”, finalizou.

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3 COMENTÁRIOS

  1. “… não tem avalização científica comprovada.”

    INFELIZMENTE, o kit NÃO passou nos testes dos Ensaios Clínicos Sorteados (quando 500 doentes tomam e 500 não tomam). Não houve diferença significativa, pois cerca de 80% dos doentes se curarão através de seus ANTICORPOS.

    Ao ingerir remédios que não funcionam, o que nos restará é o DOLO dos medicamentos, os efeitos adversos ( e todos possuem, potencializando-se em corpos debilitados pela doença).

  2. Eu sou da opinião do Vereador Luis Paraki. O projeto não disse que seria obrigatório. Os medicamentos são seguros se tomados na dosagem corrente (nada de overdose, como alguns médicos o fizeram) então se seguindo a profilaxia correta, mal não faz, se salvar algumas vidas ótimo! Sou da opinião que a decisão final sempre cabe ao paciente. O medico pode sugerir o acolhimento precoce, o paciente aceita se o desejar. Ninguém seria obrigado a nada.

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