Alta do dólar faz disparar preços de alimentos básicos

‘Ouro no Prato’: arroz é o produto essencial e que não falta na mesa do brasileiro; grão já acumulou 19,25% de alta nos oito primeiros meses de 2020 (Reprodução/Marcelo Tavares)

Segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação de agosto foi de 0,24%. O número mostra a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador usado para mensurar a mudança de preços no Brasil. Com este resultado, o País acumula alta de 2,44% nos preços nos últimos 12 meses.

E a alta dos alimentos foi elevada, principalmente tratando-se de produtos básicos, como leite, tomate, carnes, frutas, óleo de soja e arroz.

Nos primeiros oito meses de 2020, o arroz nas gôndolas acumulou alta de 19,25%. O grão tem sido centro das atenções quando o assunto é inflação de alimentos. O pacote de 5 kg, que normalmente custa entre R$ 10 a R$ 15, chegou a níveis próximos de R$ 40 na virada de agosto para setembro, em alguns estabelecimentos.

O arroz, um dos principais alimentos do prato do brasileiro, subiu o preço da saca para R$ 94 na última semana, segundo análise divulgada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).

 

POR QUE OS PREÇOS SUBIRAM?

Para o professor e economista Emerson Rabelo, também consultor financeiro do Sebrae-SP, existe uma conjunção de fatores que estão provocando a elevação dos preços dos alimentos atualmente.

“Podemos indicar o dólar como o principal fator que favorece as exportações, o clima, o aumento da demanda motivado pelo pagamento do auxílio emergencial e a entressafra de alguns produtos, por exemplo, o arroz. Outro detalhe importante é a desvalorização do real diante a moeda americana. Esta ‘alta do dólar’ faz com que os insumos utilizados nas produções industriais e agrícolas, que são cotados em dólar, fiquem mais caros, impactando diretamente nos custos que são repassados ao consumidor final”, disse.

Rabelo ainda pontuou outras justificativas para o aumento dos produtos. “Alguns motivos que afetam a moeda de um país são: o risco-país, as políticas fiscais e monetárias e a estrutura econômica. O Brasil está passando por reformas e isso pode gerar insegurança nos investidores, que acabam retirando seus dólares do País em busca de maior segurança e de melhores retornos. Além disso, tivemos também a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que resultou em um aumento nas restrições comerciais entre os países, e a chegada da pandemia que gerou a estagnação da economia”.

Mesmo com o contágio do novo coronavírus, o economista enxerga um cenário esperançoso da economia em um futuro próximo e dá algumas dicas aos consumidores, de como devem agir neste período caótico.

“Com a expectativa do desenvolvimento de uma vacina para conter o coronavírus e com uma possível retomada gradual da economia e uma taxa Selic baixa, podemos pensar em um cenário, ainda que tímido, mas promissor para 2021. Já o consumidor deve agir normalmente; compras em quantidades excessivas para estocagem podem provocar em algum momento a sensação de falta de produtos e a elevação ainda maior dos preços. Dessa forma, o mercado se ajustará quando houver um equilíbrio entre as quantidades ofertadas e demandadas. Precisamos ter consciência e seguir todos os protocolos de segurança recomendados para minimizar os impactos gerados pela pandemia e, assim, de forma gradual voltar as atividades pessoais e econômicas”.

 

Elevação dos produtos reflete no cotidiano do consumidor

A reportagem do O MUNICIPIO entrou em contato com a dentista Raquel De Sá Oliveira Souza (31), que mora na região central de São João e costuma ir ao supermercado uma vez por semana. Ela notou um aumento significativo nos preços dos alimentos.

“Eu costumo comprar os produtos no supermercado conforme a necessidade, não tenho o hábito de fazer estoque mensal, mas notei um aumento considerável nos preços dos alimentos básicos, como o leite no início da pandemia e o arroz nesta última semana”, disse.

Outra evidência importante é o preço da saca do arroz que aumentou 120% nos últimos 12 meses, segundo levantamento do Cepea/Esalq.

“Senti o auge do aumento dos preços nesta última semana, um pacote de 5 kg de arroz, que costumava pagar em torno de R$ 12, na última semana estava custando o dobro. Tive de repensar e readequar outras despesas da casa”, pontuou.

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