Aos 10 anos, Júlia confecciona máscaras sozinha e as distribui

Generosidade: Júlia dedica uma parte do dia para confeccionar e embalar as máscaras (Fotos: Arquivo Pessoal)

Em São João da Boa Vista, a obrigatoriedade do uso de máscaras nos estabelecimentos foi decretada pela prefeitura em 17 de abril e, desde então, virou comum encontrar pessoas com o acessório pelas ruas da cidade.

Mas no início da pandemia, este item não era tão popular e nem fácil de encontrar, já que todos tinham a mesma necessidade. Em meio a esta dificuldade, a estudante sanjoanense Júlia de Abreu Ruga, de apenas 10 anos, percebeu que poderia ajudar de alguma forma nesse período.

Há cerca de 15 dias, ela teve a ideia de confeccionar e distribuir máscaras para quem tivesse dificuldade comprar ou encontrar os produtos. Atualmente, a garota já distribuiu 40 unidades e ainda tem mais 30 para entregar. “Eu sempre gostei de costurar. Minhas tias me davam uns retalhos e eu fazia bolsas e outras coisas. Quando ia na minha avó, gostava de pregar os botões e de ajudá-la, mas eu fazia tudo a mão”, disse.

A ideia de ajudar o próximo com a fabricação de máscaras partiu dela mesma. Júlia faz praticamente tudo sozinha, contando ocasionalmente com uma ajuda ou outra de familiares.

“Quando eu vi toda essa repercussão por causa da pandemia, comecei a fazer espontaneamente. Iniciei produzindo as máscaras a mão, só para mim, meus pais e para a minha irmã mais nova”, contou.

INÍCIO
A tia-avó de Júlia ofereceu uma máquina de costura portátil e a ensinou a manusear. A garota se adaptou rápido. As tias dela lhe deram alguns retalhos, panos e elásticos. A partir daí, foi só tirar o molde de uma máscara e começar a fazer.

“No começo da pandemia eu vi que estava difícil de encontrar máscaras, então pensei em costurar e embalar para as pessoas que não tinham. Eu pensei em ajudar o próximo, para que todos pudessem se proteger”, falou.

ORIGEM DA IDEIA
Júlia revela que inicialmente teve a intenção de deixar os acessórios em uma árvore de forma inusitada. “A ideia de fazer as máscaras para os outros surgiu nas caminhadas que eu fazia com minha família no Mantiqueira. Um dia vi uma caixa de abacates que dizia assim: ‘Se quiser leve um’. Falei para o meu pai que tive uma ideia, pois como tinham pessoas que não podiam comprar máscaras e resolvi fazer para doação naquele formato da caixa de abacates”, comentou.

Gláucia Navarro Ruga, mãe de Júlia, é nutricionista e docente no UniFEOB. Ela afirma que pensou em colocar os itens na frente da própria casa, mas como a rua é pouco movimentada, não faria sentido. Foi então que decidiram deixar as máscaras em uma árvore no canteiro central da avenida Dr. Durval Nicolau, na pista de caminhada, próximo ao condomínio Vista da Serra, para que mais pessoas vissem, já que é uma região que circula muita gente.

“Toda família está envolvida neste projeto. Meu marido, por exemplo, imprimiu um cartaz escrito que a Júlia está confeccionando as máscaras, com um espaço para quem quiser escrever e tem muita gente elogiando a ação da Júlia. A gente deixa ele ao lado das máscaras de tecido, em um saco plástico fechado, que diz que é preciso lavar as máscaras. A minha outra filha, a Manuela, de apenas 5 anos, também ajuda a escrever”, contou Gláucia.

As peças são expostas no mesmo local e Júlia repõe sempre que pode. No início era com mais frequência, mas pelo menos 15 máscaras por semana são entregues. “Como começaram as aulas online, a Júlia diminuiu o ritmo de confecções, pois ela tem as atividades dela, mas mesmo assim ela tira uma parte do dia para se dedicar com as máscaras e faz por volta de cinco por dia”, informou Gláucia.

Doação: Júlia exibe as máscaras na avenida Dr. Durval Nicolau

ENSINAMENTO
Júlia quer continuar confeccionando máscaras até quando puder. Mesmo podendo fazer outras coisas que os amigos da idade dela fazem, ela preferiu inspirar outras crianças e até adultos neste momento tão difícil.

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