Polícia Civil investiga grupo da ‘campanha do ódio’

Denúncia: em conversas interceptadas, participantes planejam agressões a fiscais da Prefeitura (Reprodução/Imagens)

A Polícia Civil de São João da Boa Vista está investigando as ações articuladas por integrantes de um grupo de WhatsApp. Conforme apurado, além de disseminar fake news e ofensas pessoais contra autoridades municipais, alguns membros estariam se organizando para burlar as medidas de saúde decretadas pela Prefeitura e pelo Governo Estadual e até mesmo cogitando agredir alguns funcionários públicos.

O caso veio à tona após uma denúncia da Câmara Municipal, onde uma pessoa era apontada como suspeita. Diante disso, o delegado seccional Paulo César Junqueira Hadich pediu a instauração de inquérito para apurar os fatos. O delegado assistente Eduardo Denadai Campos ficou responsável pelas investigações e, em posse do número de celular do suspeito, solicitou informações à operadora de telefonia.

No entanto, o caso estava só no começo. Após alguns dias, a Polícia Civil recebeu um ofício encaminhado pelo deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT). No documento, o parlamentar denunciava a ação de um grupo de WhatsApp, criado inicialmente com o intuito de debater sobre a flexibilização do comércio, mas que acabou se desvirtuando. O dossiê traz uma série de prints (cópias) das mensagens trocadas pelos participantes, bem como seus números de celulares. Segundo Campos, a nova denúncia corroborou com a investigação que estava em andamento e trouxe novos elementos e informações valiosas para a Polícia Civil.

 

DE OFENSAS A AGRESSÕES

No decorrer das apurações, as mensagens trocadas pelos participantes no grupo vão deste à disseminação de fake news a uma verdadeira ‘campanha de ódio’, com ofensas pessoais a políticos e autoridades locais, além da arquitetação de ideias para burlar as medidas de restrição das atividades comerciais.

No entanto, o mais grave são as ameaças de agressões físicas aos fiscais que estiverem no cumprimento do trabalho. Cogita-se até informar onde estes estariam fiscalizando para intimidá-los e até mesmo atacá-los. “Eu acho que é ter comunicação. Passou, multou, passa a localização do fiscal, aí a gente vai pra trocar uma ideia com eles [sic]”, comentou um dos integrantes do grupo. “Isso mesmo. Conversinha no pé do ouvido”, ironizou outro participante.

 

CELULAR APREENDIDO

Após identificar um dos autores das mensagens, a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreendeu o celular dele para averiguação. “Estamos agora analisando o aparelho. Lá dentro [dos arquivos] tem tudo o que a gente precisa, que são essas conversas e postagens no grupo”, explicou o delegado Campos. “O grupo foi criado com uma intenção legítima, para debater assuntos de política e cidadania de uma forma geral, mas tomou uma nova vertente. E nesse meio começou a se criar uma animosidade bem acirrada. Começaram a ser proferidas ofensas, ameaças, situações tendentes a burlar as medidas de saúde adotadas por conta da pandemia, inclusive com ameaças de agressões a funcionários públicos municipais. Com isso tivemos que adotar uma providência imediata”, destacou.

 

CASO PROSSEGUE

Com a apreensão do aparelho, as investigações da Polícia Civil prosseguem e o caso ainda promete ter outros desdobramentos, uma vez que a denúncia também foi protocolada junto ao Ministério Público, nas promotorias civil e criminal, conforme apurado pela reportagem do jornal O MUNICIPIO.

Ao finalizar a entrevista, Campos destaca que este período de pandemia tem sido uma fase difícil para toda a sociedade, o que torna necessário ainda mais equilíbrio e a compreensão de todas as pessoas. “Todo mundo tem que fazer sua parte neste momento, pois está difícil para todos. Ao invés de criar uma animosidade e fazer com que as coisas piorem ainda mais, cada um deve fazer sua parte para que as tudo flua com normalidade”, afirmou. “O que queremos é trazer a paz social. Este é nosso único objetivo”, encerrou o delegado.

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